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Combustível de foguete não deve contaminar Alcântara, diz Ucrânia
DA REPORTAGEM LOCAL
A parceria entre brasileiros e
ucranianos para a realização de
operações com o foguete Cyclone-4 a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, não oferece riscos à população e ao ambiente, segundo Valeriy Komarov, primeiro vice-diretor geral da Agência Espacial Nacional da Ucrânia.
A afirmação rebate os comentários de especialistas que temem
que o composto tóxico usado como combustível nesse foguete,
uma substância chamada dimetil-hidrazina, pudesse causar acidentes graves na região. Há cerca de
um mês, a revista "Nature"
(www.nature.com) publicou reportagem sobre estudo que apontou a contaminação de populações locais do Cazaquistão por
conta de lançamentos de foguetes
russos com o mesmo combustível, em Baikonur. Na mesma data,
esta Folha noticiou que a mesma
substância seria usada no Cyclone-4, foguete que, segundo acordo firmado entre Brasil e Ucrânia,
deve ser lançado de Alcântara a
partir de 2007 ou 2008.
"Desde o início dos trabalhos
conjuntos, a segurança ecológica
é considerada pelas partes ucraniana e brasileira como condição
inalienável da realização do projeto", disse Komarov, em comunicação remetida à Folha. "Está elaborado e pronto para realização o
"Programa de Garantia de Segurança Ecológica de Complexo
Terrestre Espacial", que integra
tanto os métodos técnicos e os de
organização tradicionais quanto
os métodos elaborados especialmente para o projeto em questão", prossegue o vice-diretor.
Ele aponta que vários foguetes,
de diferentes nacionalidades,
usam esse mesmo combustível.
Entre eles, o russo Proton (um
dos supostos causadores dos problemas nos arredores de Baikonur), os chineses Longa Marcha,
os indianos GSLV e PSLV e os
ucranianos da série Cyclone.
Segundo Komarov, embora tóxica, a dimetil-hidrazina causa
muito menos danos ao ambiente
do que os combustíveis sólidos,
como o usado no VLS-1 (Veículo
Lançador de Satélites, do Brasil).
Quanto à crítica de especialistas
de que esse combustível está se
tornando ultrapassado e não é
mais a primeira opção de nenhum projeto novo de foguete, o
vice-diretor da agência espacial
da Ucrânia diz que "a transição
para os novos tipos de combustível, com base em oxigênio e querosene, exige a concessão de fundos adicionais os quais nem o
Brasil, nem a Ucrânia, por enquanto, podem garantir".
Komarov aponta que todos os
cuidados estão sendo tomados
para priorizar a segurança da população local e do ambiente, em
ações que vão desde o planejamento das trajetórias do foguete
até cálculos de possível contaminação em caso de acidente.
Além disso, ele enfatiza o alto
índice de confiabilidade dos foguetes da série Cyclone. "Vale
mencionar que a família dos foguetes Cyclone tem uma grande e
gloriosa história de colocação em
órbita de aparelhos de vários países. No total, foram feitos 105 lançamentos dos foguetes Cyclone-2
e 121 dos Cyclone-3. Apenas um
acidente foi registrado."
O foguete Cyclone-4, por enquanto, existe apenas nas pranchetas dos projetistas. (SN)
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