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MEDICINA
Brenner e Sulston, britânicos, e Horvitz, americano, desvendaram morte programada de células no verme C. elegans
Estudos de suicídio celular levam o Nobel
CLAUDIO ANGELO
EDITOR-ASSISTENTE DE CIÊNCIA
As células suicidas de um minúsculo verme cilíndrico deram a
três cientistas o Prêmio Nobel de
Fisiologia ou Medicina deste ano.
O animal em questão é o impronunciável Caenorhabdtis elegans,
de 1 mm de comprimento, um
dos organismos favoritos dos biólogos para estudar a relação entre
genes e desenvolvimento.
O prêmio, de US$ 1 milhão, será
dividido entre dois britânicos e
um americano. Eles descobriram,
no animal, o mecanismo da morte programada de células e alguns
dos genes que o controlam.
Esse suicídio é conhecido como
morte celular programada, ou
apoptose. Mantém o equilíbrio no
número de células dos seres pluricelulares (como o C. elegans e o
homem). É crucial no desenvolvimento embrionário, pois permite
esculpir órgãos como as mãos
(eliminando células no espaço entre os futuros dedos). Desvendar
seu funcionamento ajuda a compreender doenças humanas nas
quais ele falha, como câncer e moléstias neurodegenerativas.
Os três contemplados são o britânico (nascido na África do Sul)
Sydney Brenner, presidente do
Instituto de Ciência Molecular,
nos EUA, o americano H. Robert
Horvitz, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, também
nos EUA, e o britânico John Sulston, do Instituto Sanger do Wellcome Trust, no Reino Unido.
Brenner, 75, e Sulston, 60, talvez
já estivessem esperando por um
Nobel, mas por outros motivos. O
primeiro foi um dos pioneiros da
biologia molecular. Trabalhou, na
década de 60, com ninguém menos que Francis Crick -co-descobridor da estrutura do DNA.
Além disso, descobriu o RNA
mensageiro, estrutura que "traduz" as instruções contidas nos
genes para a produção de proteínas, moléculas que fazem tudo no
organismo. Foi ele quem lançou o
C. elegans ao estrelato da biologia.
Sulston, um dos cientistas mais
celebrados do Reino Unido, adicionou o título de "sir" (cavaleiro)
ao nome no ano passado, depois
de coordenar a parte britânica do
sequenciamento (leitura) do genoma do ser humano.
Também coordenou os esforços
de transcrição do DNA do C. elegans, primeiro animal a ter seu
genoma soletrado.
O biólogo estava na sua mesa
no Sanger quando recebeu a ligação do Instituto Karolinska, entidade sueca que concede o Nobel.
"Peguei o recado [na secretária
eletrônica" e então telefonei de
volta, o que tornou as coisas mais
fáceis", afirmou. "Tive tempo de
ponderar e dizer: "Isso é real?" "
O pesquisador britânico afirmou ontem, em entrevista ao jornal "The Independent": "Este é o
primeiro prêmio para o verme.
Espero que haja muitos outros".
Horvitz, 55, disse que o mais
gratificante seria se a descoberta
levasse a curas para doenças humanas. "Esse é o sonho."
Com agências internacionais
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