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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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MEDICINA

Cirurgião brasileiro participa de equipe dos EUA

Olho biônico passa pela primeira fase de testes com seres humanos

DA REDAÇÃO

Um olho biônico capaz de devolver parcialmente a portadores de cegueira de retina, desenvolvido por uma equipe de pesquisadores dos EUA, passou na primeira fase de testes em humanos.
Pacientes que haviam recebido o implante do dispositivo, uma retina artificial, passaram a distinguir claro de escuro e até a diferenciar alguns objetos.
"Conseguimos completar com sucesso a implantação em três pacientes", disse o coordenador do projeto, Mark Humayun, da USC (Universidade do Sul da Califórnia). "Descobrimos que os aparelhos estão conduzindo corrente elétrica e podem ser usados pelos pacientes para detectar luz e até distinguir entre objetos como uma xícara e um prato, num teste de escolha forçada", afirmou.
Os resultados foram apresentados ontem, durante o encontro anual da Associação de Pesquisa em Visão dos EUA, na Flórida.
A equipe de Humayun é integrada por cientistas da Escola Keck de Medicina da USC e da empresa Second Sight. Entre os médicos do time está o oftalmologista brasileiro Gildo Fuji, da USC, responsável pela técnica cirúrgica de implantação da retina artificial nos pacientes.
O olho biônico começou a ser desenvolvido por Humayun há 13 anos, na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. Em 2001, chegaram a um modelo composto de uma câmera, adaptada aos óculos do paciente, um conversor de impulsos elétricos e uma placa de 16 eletrodos, ligada à retina, que teve aprovação da FDA (agência que regula remédios e alimentos nos EUA) para ser testado em humanos.

Estímulo
Os eletrodos funcionam estimulando as células ainda saudáveis da retina do paciente, que mandam as informações captadas pela câmera ao cérebro.
Por enquanto, a definição é bem baixa: cada um dos 16 eletrodos funciona como um "pixel" (um dos pontos que formam uma imagem, como na tela de um computador). O olho humano tem cerca de 1 milhão de terminações nervosas que processam pontos luminosos.
A retina artificial não serve para qualquer tipo de cegueira. Ela só funciona em pessoas que têm terminações nervosas da retina ainda vivas, como vítimas de retinose pigmentar -doença na camada da retina que capta os nutrientes trazidos pelo sangue-, degeneração macular senil e retinopatia causada por diabetes.
O primeiro paciente, um portador de retinose pigmentar, recebeu o implante em fevereiro do ano passado; o segundo, em julho; e o terceiro, em março. Nenhum deles achou a prótese desconfortável. No entanto, os testes eram temporários (a prótese era removida uma hora depois).
O próximo teste, disse Humayun, deverá ser conduzido com uma prótese que permaneça indefinidamente no olho do paciente. Versões futuras do olho biônico podem até mesmo dispensar o uso da câmera.


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