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MEDICINA
Cirurgião brasileiro participa de equipe dos EUA
Olho biônico passa pela primeira fase de testes com seres humanos
DA REDAÇÃO
Um olho biônico capaz de devolver parcialmente a portadores
de cegueira de retina, desenvolvido por uma equipe de pesquisadores dos EUA, passou na primeira fase de testes em humanos.
Pacientes que haviam recebido
o implante do dispositivo, uma
retina artificial, passaram a distinguir claro de escuro e até a diferenciar alguns objetos.
"Conseguimos completar com
sucesso a implantação em três pacientes", disse o coordenador do
projeto, Mark Humayun, da USC
(Universidade do Sul da Califórnia). "Descobrimos que os aparelhos estão conduzindo corrente
elétrica e podem ser usados pelos
pacientes para detectar luz e até
distinguir entre objetos como
uma xícara e um prato, num teste
de escolha forçada", afirmou.
Os resultados foram apresentados ontem, durante o encontro
anual da Associação de Pesquisa
em Visão dos EUA, na Flórida.
A equipe de Humayun é integrada por cientistas da Escola
Keck de Medicina da USC e da
empresa Second Sight. Entre os
médicos do time está o oftalmologista brasileiro Gildo Fuji, da
USC, responsável pela técnica cirúrgica de implantação da retina
artificial nos pacientes.
O olho biônico começou a ser
desenvolvido por Humayun há 13
anos, na Universidade Johns
Hopkins, em Baltimore. Em 2001,
chegaram a um modelo composto de uma câmera, adaptada aos
óculos do paciente, um conversor
de impulsos elétricos e uma placa
de 16 eletrodos, ligada à retina,
que teve aprovação da FDA
(agência que regula remédios e
alimentos nos EUA) para ser testado em humanos.
Estímulo
Os eletrodos funcionam estimulando as células ainda saudáveis da retina do paciente, que
mandam as informações captadas pela câmera ao cérebro.
Por enquanto, a definição é bem
baixa: cada um dos 16 eletrodos
funciona como um "pixel" (um
dos pontos que formam uma
imagem, como na tela de um
computador). O olho humano
tem cerca de 1 milhão de terminações nervosas que processam
pontos luminosos.
A retina artificial não serve para
qualquer tipo de cegueira. Ela só
funciona em pessoas que têm terminações nervosas da retina ainda vivas, como vítimas de retinose pigmentar -doença na camada da retina que capta os nutrientes trazidos pelo sangue-, degeneração macular senil e retinopatia causada por diabetes.
O primeiro paciente, um portador de retinose pigmentar, recebeu o implante em fevereiro do
ano passado; o segundo, em julho; e o terceiro, em março. Nenhum deles achou a prótese desconfortável. No entanto, os testes
eram temporários (a prótese era
removida uma hora depois).
O próximo teste, disse Humayun, deverá ser conduzido com
uma prótese que permaneça indefinidamente no olho do paciente. Versões futuras do olho biônico podem até mesmo dispensar o
uso da câmera.
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