São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006

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BIOÉTICA

Medida permitiria eliminar portadores de certos genes

Britânicos querem testar embrião de proveta para câncer de mama

MAXINE FRITH
DO "INDEPENDENT"

Uma controversa técnica para testar embriões deve ser estendida no Reino Unido de modo a permitir a varredura de genes que podem levar ou não a doenças, recomendou o órgão regulador de tratamentos de fertilidade do país.
A nova diretriz permitiria a mulheres portadoras de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, ligados ao aumento do risco de câncer de mama e ovário, a eliminar antes da implementação no útero embriões criados por fertilização in vitro que possuíssem as mesmas mutações.
Especialistas em câncer e em fertilidade acolheram a recomendação, dizendo que ela daria a casais com histórico familiar de câncer algum controle sobre a saúde futura de seus filhos.
Mas ativistas pró-vida se opõem ferozmente à diretriz, dizendo que ela cheira a eugenia.
O chamado diagnóstico pré-implantação consiste em examinar embriões em busca de genes defeituosos, de forma que apenas embriões saudáveis sejam inseridos no útero para produzir um bebê. O uso da técnica, hoje limitada até mesmo no Reino Unido (onde são feitos 200 diagnósticos do gênero por ano), tem se limitado até agora a doenças como fibrose cística, na qual a herança genética é determinante -ou seja, a doença se desenvolve se o gene estiver presente.
No ano passado, os britânicos autorizaram o diagnóstico pré-implantação para dois cânceres -nos quais o gene defeituoso leva à doença em 90% dos casos.
Não é o que acontece com as variantes dos genes BRCA1 e BRCA2 e de um tipo de câncer de cólon que entraram na recomendação da HFEA, agência britânica que regulamenta tratamentos de fertilidade. O BRCA1 e o BRCA2 envolvem um risco de 80% de desenvolver câncer de mama, mas portadoras de BRCA1 têm só 40% de chance de desenvolver câncer de ovário. Além disso, tais doenças ocorrem mais tarde na vida e são tratáveis.
A recomendação será votada amanhã pelo conselho da HFEA. Ativistas antiaborto como Josephine Quintavalle classificaram o diagnóstico pré-implantação de uma "arma de destruição, apontada sem dó para os embriões".


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