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Sociedade homenageia José Reis
DOS ENVIADOS A GOIÂNIA
O cientista e jornalista José Reis,
morto em maio passado aos 94
anos, foi homenageado na sessão
de abertura da 54ª Reunião Anual
da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC), entidade da qual foi sócio-fundador.
Reis, o maior divulgador de
ciência no Brasil em todos os tempos, escrevia na Folha desde 1947.
Foi pesquisador do Instituto Biológico, de São Paulo, além de também fazer carreira na administração pública. Mas foram seus milhares de textos de divulgação
científica que marcaram sua atuação mais conhecida da sociedade.
A presidente de honra da SBPC,
Carolina Bori, professora aposentada da USP, leu um texto em homenagem a Reis, "o doutor Reis,
como nós o conhecíamos". Para
Bori, ele foi um modelo de pesquisador e homem a ser seguido;
"e como estamos nós neste país
precisando de modelos".
Segundo a professora, Reis tinha como meta sempre incluir o
homem nos artigos de divulgação, ao mostrar o impacto da
ciência na sociedade. Por isso seus
textos continuam atuais.
Reis também foi citado pela presidente da SBPC, Glaci Zancan,
que lembrou um de seus textos
antigos. "José Reis, em 1972, alertava que sem ciência própria não
há efetiva soberania."
A SBPC perdeu recentemente
outro de seus fundadores, Alberto
Carvalho da Silva, nascido em
Portugal e professor da Faculdade
de Medicina da USP. Na mesma
cerimônia de abertura ele também foi homenageado, pela professora Amélia Hamburger, do
Instituto de Física da USP.
Hamburger destacou o papel de
Carvalho da Silva na criação da
Fapesp (Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo),
que tem hoje um papel fundamental em fazer da pesquisa paulista a mais pujante do país.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, também lembrou o papel de Reis e
Carvalho da Silva. Sardenberg,
que pela terceira vez consecutiva
participa da cerimônia de abertura da reunião da SBPC, destacou a
facilidade de diálogo existente hoje entre ministério e cientistas.
O ministro enfatizou que em
1999 o orçamento do ministério
estava em torno de R$ 1,4 bilhão, e
que a base da proposta para 2003
deverá ser de R$ 2,8 bilhões. Segundo ele, só daqui a alguns anos
serão sentidos os efeitos das reformas no financiamento da ciência.
Fato raro em cerimônias de
abertura da SBPC, Sardenberg,
representante do governo federal,
foi menos vaiado pela platéia do
que o presidente da UNE, Felipe
Maia (filiado ao PC do B), que recebeu vaia de estudantes de correntes políticas que não a dele.
A cerimônia, no entanto, não
deixou de ser marcada por protestos. No início do discurso do
governador de Goiás, Marconi
Perillo (PSDB), seguranças e estudantes da Universidade Federal
de Goiás iniciaram um tumulto
quando os universitários tentaram invadir o palco e abrir faixas
de protesto contra a Alca e contra
as condições da universidade onde estudam.
(RICARDO BONALUME NETO E ANTÔNIO GOIS)
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