São Paulo, terça-feira, 09 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sociedade homenageia José Reis

DOS ENVIADOS A GOIÂNIA

O cientista e jornalista José Reis, morto em maio passado aos 94 anos, foi homenageado na sessão de abertura da 54ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade da qual foi sócio-fundador.
Reis, o maior divulgador de ciência no Brasil em todos os tempos, escrevia na Folha desde 1947. Foi pesquisador do Instituto Biológico, de São Paulo, além de também fazer carreira na administração pública. Mas foram seus milhares de textos de divulgação científica que marcaram sua atuação mais conhecida da sociedade.
A presidente de honra da SBPC, Carolina Bori, professora aposentada da USP, leu um texto em homenagem a Reis, "o doutor Reis, como nós o conhecíamos". Para Bori, ele foi um modelo de pesquisador e homem a ser seguido; "e como estamos nós neste país precisando de modelos".
Segundo a professora, Reis tinha como meta sempre incluir o homem nos artigos de divulgação, ao mostrar o impacto da ciência na sociedade. Por isso seus textos continuam atuais.
Reis também foi citado pela presidente da SBPC, Glaci Zancan, que lembrou um de seus textos antigos. "José Reis, em 1972, alertava que sem ciência própria não há efetiva soberania."
A SBPC perdeu recentemente outro de seus fundadores, Alberto Carvalho da Silva, nascido em Portugal e professor da Faculdade de Medicina da USP. Na mesma cerimônia de abertura ele também foi homenageado, pela professora Amélia Hamburger, do Instituto de Física da USP.
Hamburger destacou o papel de Carvalho da Silva na criação da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que tem hoje um papel fundamental em fazer da pesquisa paulista a mais pujante do país.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, também lembrou o papel de Reis e Carvalho da Silva. Sardenberg, que pela terceira vez consecutiva participa da cerimônia de abertura da reunião da SBPC, destacou a facilidade de diálogo existente hoje entre ministério e cientistas.
O ministro enfatizou que em 1999 o orçamento do ministério estava em torno de R$ 1,4 bilhão, e que a base da proposta para 2003 deverá ser de R$ 2,8 bilhões. Segundo ele, só daqui a alguns anos serão sentidos os efeitos das reformas no financiamento da ciência.
Fato raro em cerimônias de abertura da SBPC, Sardenberg, representante do governo federal, foi menos vaiado pela platéia do que o presidente da UNE, Felipe Maia (filiado ao PC do B), que recebeu vaia de estudantes de correntes políticas que não a dele.
A cerimônia, no entanto, não deixou de ser marcada por protestos. No início do discurso do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), seguranças e estudantes da Universidade Federal de Goiás iniciaram um tumulto quando os universitários tentaram invadir o palco e abrir faixas de protesto contra a Alca e contra as condições da universidade onde estudam. (RICARDO BONALUME NETO E ANTÔNIO GOIS)

Texto Anterior: SBPC: Sonda Aqua aperfeiçoa previsão de chuva
Próximo Texto: Bovino cibernético
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.