São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2008

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Mineradora que tentou cortar área de proteção virou parceira

DO ENVIADO A MONTE ALEGRE (PA)

As expedições que estão permitindo aos biólogos redescobrirem a Calha Norte, ironicamente, só tem sido possíveis porque uma empresa que fazia pressão para reduzir a área de conservação -a mineradora Rio Tinto- entrou na jogada.
Quando foi demarcada a Estação Ecológica do Grão-Pará, uma das unidades de conservação criadas em 2006, um território onde a companhia investiu grande esforço de pesquisa acabou sendo destinado à proteção integral. A Rio Tinto começou então a pressionar o Estado para rever a medida, mas a decisão foi mantida e o governo ainda deu a última cartada. A concessão de áreas para mineração na região, agora, só pode sair depois que os planos de manejo das unidades de conservação estiverem prontos.
"Para emitir uma nova licença de pesquisa mineral -neste caso fora da estação ecológica, dentro da Floresta Estadual do Paru-, então, nós colocamos uma condicionante", conta o secretário de Meio Ambiente do Pará, Valmir Ortega. O governo ofereceu à Rio Tinto o direito de adiantar suas pesquisas no Paru, mas em troca a empresa ofereceria toda a estrutura para o levantamento biológico e socioeconômico da região, ferramenta fundamental para elaborar os planos de manejo.
Viagens de helicóptero, então, entraram no cardápio dos biólogos, e áreas antes quase inacessíveis passaram a ser exploradas. "A Rio Tinto está fornecendo apoio logístico, transporte, comunicação, segurança e aquisição de imagens de satélite de toda a área da Calha Norte no entorno das unidades de conservação", diz Ortega. "Estimamos que que o valor disso seja superior a US$ 1,5 milhão."
O trabalho também é feito em parceria com outras entidades, como o Museu Goeldi e a ONG Conservação Internacional, que produzirá o primeiro mapa de biodiversidade completo da Calha Norte, previsto para sair em junho.
(RG)

O repórter RAFAEL GARCIA viajou a convite da Sema/PA e da Conservação Internacional



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