São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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Lula descumpre promessa e não reajusta valor de bolsas

Medida foi prometida no "PAC" da Ciência e não tem data para entrar em vigor

Reajuste de 20% para bolsas de mestrado e doutorado deveria ter sido feito em 1º de março; Capes e CNPq culpam cortes no orçamento

Alan Marques - 20.nov.07/Folha Imagem
Lula e Sergio Rezende no lançamento do "PAC" da Ciência

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de aumentar o valor das bolsas de pesquisa a partir do dia 1º de março não se concretizou para os bolsistas de mestrado e doutorado das duas agências de fomento do governo federal.
A medida fazia parte do "PAC" da Ciência, pacote de medidas para o setor anunciado pelo presidente e pelo ministro Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia) no ano passado.
Com o aumento de 20%, a bolsa de mestrado passaria de R$ 940 para R$ 1.130 e a de doutorado, de R$ 1.394 para R$ 1.620. Seria o terceiro reajuste concedido desde 2004 -até então, o valor estava congelado.
Lula justificou o aumento aos cientistas dizendo que o congelamento tira "as condições dos nossos doutores de se formarem lá fora" -"e vocês sabem que não é sempre que o governo aumenta bolsa, não".
Neste ano, porém, o valor repassado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) a partir de março é idêntico ao de fevereiro.
As duas agências de fomento afirmam que a data de reajuste ainda está indefinida.
Elas culpam pela situação os cortes na Lei de Orçamento feitos pelo Congresso e sancionados sem vetos pelo presidente no último dia 24 de março.
A assessoria de comunicação do CNPq afirmou que o reajuste foi confirmado ontem pelo ministro Rezende, mas o órgão não sabe a partir de quando.
"O mês de início da nova tabela vai depender da recomposição do orçamento do CNPq pelo Executivo, uma vez que o Congresso Nacional reduziu em 10% os recursos para formação e qualificação de recursos humanos em ciência, tecnologia e inovação", diz o texto.
Já Emidio Cantidio de Oliveira Filho, diretor de programas e bolsas da Capes, afirma que "não existe até o momento uma definição do governo federal em relação ao reajuste".
Ele diz que a instituição está à espera de uma "reorganização" do orçamento. Culpou ainda a derrubada pela oposição da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Lula e Rezende também haviam anunciado em novembro do ano passado um aumento no número de bolsas concedidas -de 95 mil para 155 mil em 2010. O CNPq afirmou que o número de bolsas ainda não aumentou, mas que, assim como o reajuste do valor, deve ocorrer após as negociações em torno do orçamento já aprovado.


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