São Paulo, quarta-feira, 10 de novembro de 2004

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MEDICINA

Medicamento de empresa francesa foi testado em 3.040 obesos em dieta na América do Norte durante dois anos

Nova droga ajuda a perder e manter peso

DA REDAÇÃO

Uma nova droga testada durante dois anos num grupo grande de voluntários conseguiu não só auxiliar pessoas em dieta a perder peso, como também as ajudou a não recuperar os quilos perdidos nos meses seguintes.
Os resultados, apresentados ontem durante a reunião anual da Associação Americana do Coração, em Nova Orleans (EUA), fazem parte do terceiro grande teste realizado com a droga, chamada ribonabant (nome comercial Acomplia), desenvolvida pela farmacêutica Sanofi-Aventis.
O primeiro, com cerca de 1.000 pacientes, durou um ano; o segundo ampliou o número de voluntários, vindos dos EUA e da Europa, para cerca de 1.500, por dois anos. O terceiro e maior estudo, agora apresentado, teve resultados similares.
Os 3.040 voluntários obesos, vindos dos EUA e do Canadá e 80% deles mulheres, foram divididos em três grupos: um tomou uma dose alta diária da droga (20 mg), outro tomou uma dose baixa (5 mg) e um terceiro tomou um placebo (substância inócua).
A droga funciona se ligando a receptores nas células do cérebro que também são ativados quando uma pessoa tem fome após fumar maconha. A idéia é inibir a vontade de comer; o medicamento não faz a pessoa emagrecer sem dieta. No caso, os voluntários foram submetidos a um corte de 600 calorias em seu consumo diário.
Entre os que tomaram a dose maior, 33% perderam 10% de seu peso em relação ao início do tratamento. Para os que tomaram placebo, esse nível de perda veio para 16,4% dos pacientes. Mais de 62% dos que tomaram a dose maior tiveram uma perda de pelo menos 5% de sua massa corporal.
A droga também estimulou a melhora dos níveis de HDL (o chamado colesterol bom) no sangue, e ajudou a baixar os níveis de triglicérides. "Acho que você tem um ganho duplo aqui", disse Xavier Pi-Sunyer, do Hospital St. Lukes-Roosevelt, em Nova York, e coordenador do teste.
Efeitos colaterais incluem incidência um pouco maior de depressão, ansiedade e irritabilidade. Há também um ligeiro aumento de casos de náusea.
Dos que começaram o teste com a dose maior, 12,8% desistiram. No caso dos que tomavam placebo, o índice de desistência ficou em 7,2%. Os números e os efeitos observados apontam que a droga é segura, apesar das limitações de eficiência. "Embora a eficácia tenha estabilizado depois do primeiro ano, o principal destaque é a demonstração de que é segura", disse Ben Yeoh, analista do banco ABN Amro em Londres.
A Sanofi-Aventis pretende pedir autorização à FDA (agência que regula alimentos e fármacos nos EUA) para colocar a droga no mercado a partir do ano que vem.
Analistas estimam que o novo medicamento possa produzir um ganho de US$ 6 bilhões anuais.


Com Reuters

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