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AMBIENTE
Governo vê medida como forma de proteger floresta e famílias do avanço agrícola, de madeireiros e da grilagem
Amazônia ganha 2 milhões de hectares em reservas
DA REDAÇÃO
O governo federal criou ontem
duas reservas extrativistas em regiões de conflito no Pará. O decreto, assinado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, estabelece no
total a proteção de 2 milhões de
hectares (quase um Sergipe) em
Porto de Moz e Altamira.
As duas cidades estão localizadas no Arco do Desmatamento,
região amazônica que inclui Rondônia, Pará e Mato Grosso e concentra 75% das florestas degradadas pela ação humana.
A região sofre com a expansão
agrícola, a exploração madeireira
e o iminente asfaltamento da BR-163, que passa a oeste das reservas. A intenção do governo é
montar um mosaico de unidades
de conservação no arco, formado
por reservas extrativistas e indígenas, Parques e Florestas Nacionais, explica Maurício Mercadante, diretor do Programa Nacional
de Áreas Protegidas do Ministério
do Meio Ambiente.
Segundo Paulo Adário, coordenador do Greenpeace na Amazônia, o governo tomou uma "decisão forte" ao criar a reserva em
Porto de Moz, porque grande parte da área destinada à Resex pertence ao Estado, não à União. "Esses caras vão reagir", disse Adário
à Folha, referindo-se a madeireiros ilegais e grileiros da região.
Mercadante não acredita em
mais conflitos. "Normalmente
criamos as unidades de conservação e então a questão fundiária é
resolvida com o órgão legislativo
estadual", explica o diretor.
Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, as reservas
fazem parte do plano para conter
o desmatamento e asseguram o
fim das ocupações irregulares. "O
importante é estabelecer a presença do Estado, criar uma estrutura para diminuir os conflitos e
garantir a permanência de quem
está lá, geração após geração",
disse Marina à Folha.
O governo pretende atender a
mais de 2,5 mil famílias. Os principais produtos que podem ser
explorados de forma sustentável
nas áreas são mel, castanha-do-pará, borracha e óleos de copaíba
e andiroba.
Verba internacional
Em Manaus, foi divulgado ontem um projeto de criação de novas áreas protegidas financiado
pela Fundação Gordon e Betty
Moore (Gordon Moore é fundador da indústria de chips Intel),
que doará US$ 4 milhões, nos
próximos três anos, diretamente
para o governo do Amazonas, que
se compromete em proteger 12
milhões de hectares de floresta.
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