São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Importação atrasa testes de "fábrica"" de células gigante

DO ENVIADO AO RIO

Com a linha de produção pronta para entrar em funcionamento -até agora o biorreator de cinco litros não foi usado, mas a técnica está aprovada em testes feitos em biorreatores menores, com capacidade de um litro cada- outra questão relevante é melhorar a qualidade do composto usado para alimentar as células-tronco.
Basicamente, diz a química Aline Marie Fernandes, todos os caldos de cultura usados hoje apresentam algum grau de contaminação por material de origem animal. Enquanto algumas colônias celulares crescem sobre células de roedores, na UFRJ isso já não ocorre.
Mas, apesar de não ser adicionado material animal nos biorreatores, as soluções que alimentam a multiplicação das células-tronco embrionárias humanas ainda não estão totalmente livres de substâncias animais. Isso pode ser um grande obstáculo quando chegar o momento de injetar essas células-tronco em seres humanos.
"Um dos nossos objetivos agora é multiplicar células sem nenhum tipo de substância de origem animal" afirma Rehen, na sua sala no CCS (Centro de Ciências de Saúde) da UFRJ.
Segundo o cientista, um artigo descrevendo o método de multiplicação das células desenvolvido por sua equipe já foi submetido para publicação em um periódico internacional. Um dos próximos passos também é usar o biorreator maior para valer. Mas, para isso, além de recursos financeiros que devem chegar nos próximos meses, ele depende da burocracia de importação. "Estamos esperando faz meses um novo meio de cultura chegar", afirma.

Um milhão de células
Uma das primeiras linhagens de células-tronco embrionárias humanas que serão colocadas para serem agitadas no tubo de ensaio de cinco litros é a BR-1, desenvolvida na USP, no laboratório de Lygia da Veiga Pereira, diz Rehen. As células já foram todas testadas quanto à pluripotência e estão congeladas. "Temos 1 milhão de células", disse Fernandes. "Tudo isso cabe em um pequeno tubo."
Apesar de todo o cuidado para que a contaminação seja a menor possível e que o meio de cultura seja livre de compostos animais, Rehen acredita que uma outra aplicação das células-tronco embrionárias humanas esteja até mais perto de ocorrer do que o uso delas em testes de terapias celulares.
"Elas serão usadas até mais rápido em testes de toxicidade de novos fármacos", afirma o neurocientista, que também está concorrendo em um edital aberto pelo governo federal.
O objetivo do concurso é escolher pelo menos meia dúzia de centros brasileiros de fabricação de células-tronco. Com o uso da tecnologia da UFRJ, afirma Rehen, milhares de compostos envolvidos com novas drogas poderão ser testados ao mesmo tempo.
(EG)



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