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ONU reconhece que
mundo falhou em
controlar extinções
Compromisso assinado em 2002 era o de reduzir
"significativamente" a perda de biodiversidade
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As Nações Unidas reconheceram em relatório divulgado
ontem o que muita gente já sabia: nenhum país conseguiu
cumprir suas metas para reduzir a perda de biodiversidade
entre 2002 e 2010.
O relatório, publicado pela
Convenção das Nações Unidas
sobre Diversidade Biológica,
também sugere que a perda de
biodiversidade global está chegando a um ponto irreversível.
Quase todos os indicadores
do estado das espécies usados
no relatório mostram declínio.
Só entre 1970 e 2006, por
exemplo, a abundância de vertebrados caiu 30% no mundo
-e continua caindo.
O mesmo acontece com as
florestas. Apesar de o relatório
notar uma redução recente na
taxa de desmatamento na
Amazônia, o sinal global é de
declínio. Isso tem causado perdas anuais de mais de US$ 2 trilhões, avaliam pesquisadores
-contra US$ 45 bilhões anuais
que seriam necessários para reverter a tendência.
A convenção, de 1992, só ganhou uma meta na Cúpula da
Terra de Johannesburgo, em
2002. No encontro, governos
prometeram "reduzir significativamente" a taxa de perda da
diversidade biológica até 2010.
As metas incluem redução na
degradação de habitats, controle de espécies exóticas e transferência de tecnologia a países
em desenvolvimento.
O documento destaca a Amazônia como área sujeita a danos
irreparáveis. Isso se deve à inter-relação entre desmatamento e queimadas, de um lado, e
extinção de espécies e mudanças na dinâmica regional de
chuvas, de outro.
Outro problema destacado é
o acúmulo de fosfatos e nitratos, oriundos de fertilizantes,
em rios e lagos. O excesso de
nutrientes na água facilita o desenvolvimento de algas, que sufocam as populações de peixes.
"O relatório descreve em todas as letras a crise que estamos
vivendo", afirma Anthony
Gross, pesquisador da Universidade das Nações Unidas. Segundo Gross, as conclusões do
texto devem ajudar governos a
focar as discussões durante a
Cúpula da Biodiversidade, a ser
realizada no Japão em outubro.
"Mesmo sendo vagas e amplas, as metas não foram cumpridas, possivelmente por falta
de pressão da sociedade", disse
Alexandre Prado, da Conservação Internacional Brasil.
Para Prado, uma maneira de
avançar a discussão e atingir resultados práticos é estabelecer
uma relação direta entre biodiversidade e valor econômico.
Prado também defende o uso
de planos setoriais para lidar
com a perda de biodiversidade.
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