São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2010

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ONU reconhece que mundo falhou em controlar extinções

Compromisso assinado em 2002 era o de reduzir "significativamente" a perda de biodiversidade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As Nações Unidas reconheceram em relatório divulgado ontem o que muita gente já sabia: nenhum país conseguiu cumprir suas metas para reduzir a perda de biodiversidade entre 2002 e 2010.
O relatório, publicado pela Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, também sugere que a perda de biodiversidade global está chegando a um ponto irreversível.
Quase todos os indicadores do estado das espécies usados no relatório mostram declínio. Só entre 1970 e 2006, por exemplo, a abundância de vertebrados caiu 30% no mundo -e continua caindo.
O mesmo acontece com as florestas. Apesar de o relatório notar uma redução recente na taxa de desmatamento na Amazônia, o sinal global é de declínio. Isso tem causado perdas anuais de mais de US$ 2 trilhões, avaliam pesquisadores -contra US$ 45 bilhões anuais que seriam necessários para reverter a tendência.
A convenção, de 1992, só ganhou uma meta na Cúpula da Terra de Johannesburgo, em 2002. No encontro, governos prometeram "reduzir significativamente" a taxa de perda da diversidade biológica até 2010.
As metas incluem redução na degradação de habitats, controle de espécies exóticas e transferência de tecnologia a países em desenvolvimento.
O documento destaca a Amazônia como área sujeita a danos irreparáveis. Isso se deve à inter-relação entre desmatamento e queimadas, de um lado, e extinção de espécies e mudanças na dinâmica regional de chuvas, de outro.
Outro problema destacado é o acúmulo de fosfatos e nitratos, oriundos de fertilizantes, em rios e lagos. O excesso de nutrientes na água facilita o desenvolvimento de algas, que sufocam as populações de peixes.
"O relatório descreve em todas as letras a crise que estamos vivendo", afirma Anthony Gross, pesquisador da Universidade das Nações Unidas. Segundo Gross, as conclusões do texto devem ajudar governos a focar as discussões durante a Cúpula da Biodiversidade, a ser realizada no Japão em outubro.
"Mesmo sendo vagas e amplas, as metas não foram cumpridas, possivelmente por falta de pressão da sociedade", disse Alexandre Prado, da Conservação Internacional Brasil.
Para Prado, uma maneira de avançar a discussão e atingir resultados práticos é estabelecer uma relação direta entre biodiversidade e valor econômico.
Prado também defende o uso de planos setoriais para lidar com a perda de biodiversidade.


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