São Paulo, Domingo, 11 de Julho de 1999
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Método é usado na arqueologia

de Paris

"Não se faz um ciclotron para estudar história", brinca Christian Morrisson, economista com formação em história.
No início dos anos 70, Jean-Nöel Barrandon, o físico do grupo, começou a utilizar o método de bombardeio por prótons para definir graus de pureza do chamado "ouro industrial", parte essencial de circuitos eletrônicos.
Desde 1973, Barrandon passou a aproveitar os períodos ociosos do aparelho, que serve para a medicina e para estudar peças arqueológicas. O método é mil vezes mais preciso que o concorrente, o de fluxo de raios X fluorescente, mais utilizado.
"Se pudéssemos estudar as coleções brasileiras, ganharíamos ainda mais precisão", afirmou Barrandon. O principal problema enfrentado pelo grupo é a restrição às coleções de moedas francesas, pobres em peças cunhadas no Brasil e em Portugal.
"Queríamos utilizar uma coleção de Madri (Espanha), mas o transporte e o seguro das moedas custaria muito caro", disse Cécile. As coleções de moedas históricas só viajam acompanhadas dos conservadores. Segundo Barrandon, houve alguns estudos na Romênia utilizando a mesma técnica, mas o seu grupo é o único a manter uma pesquisa utilizando radiação protônica.
O problema só não foi maior porque cada moeda, na França, era cunhada com num lote de outras 5.000. Isso significa que cada peça analisada representa também outras 4.999 com a mesma composição, tornando o resultado da pesquisa significativo.
O Brasil foi o grande produtor de ouro do século 18. A produção brasileira começa a crescer em 1693 e atinge seu apogeu entre 1740 e 1760 -cerca de 15 toneladas por ano. A partir de 1775, a produção volta a cair.
No período, produziu 840 toneladas, contra 476 toneladas da Colômbia. Estima-se que 30% do ouro brasileiro tenha seguido em direção à Inglaterra.
Além de estimular as economias inglesas e francesas, o ouro brasileiro também deu origem a uma burguesia local e a uma elite que, com a crise provocada pela queda da produção e a repressão da Coroa portuguesa, reivindicaria a independência. (HCS)


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