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França terá imposto sobre CO2 em 2010
Presidente Nicolas Sarkozy diz que taxa será de 17 por tonelada de gás carbônico emitido; 75% dos franceses se opõem
Governante também acena
com medidas protecionistas
sobre produtos de nações
que não cortarem emissões
de gases de efeito estufa
Eric Feffeberg/France Presse
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Nicolas Sarkozy anuncia valor do imposto em Culoz, França
DA REDAÇÃO
A França deve se tornar a
partir do ano que vem a primeira grande economia do mundo
a taxar emissões de gás carbônico, o principal gás de efeito
estufa. Ontem, o presidente Nicolas Sarkozy anunciou que o
imposto será "progressivo" e
terá seu valor fixado inicialmente em 17 por tonelada.
O imposto, ao qual três quartos dos franceses se opõem, se
aplicará ao consumo de combustíveis fósseis por indivíduos
e empresas. A gasolina deverá
ficar 4 centavos de euro mais
cara na bomba, e o gás para
aquecer as casas também terá
aumento. O preço da luz não
muda, porque a França gera
80% de sua eletricidade por
usinas nucleares, que não emitem gás carbônico.
Os grandes emissores industriais estarão isentos do imposto, porque já fazem parte do esquema europeu de comércio de
emissões, adotado no âmbito
do Protocolo de Kyoto.
O objetivo da medida é pôr a
França no rumo de cumprir a
meta de redução de emissões
de 80% até 2050. Sarkozy também quer liderar as negociações do novo tratado de proteção ao clima, a ser fechado em
dezembro em Copenhague.
Discursando ontem em Culoz (centro-leste), Sarkozy declarou que o novo imposto terá
seu valor restituído ao contribuinte por meio da redução do
imposto de renda. Para as famílias isentas, o presidente
afirmou que o governo francês
dará "cheques verdes".
Mas disse também que "é
normal que a taxa fique mais
cara daqui a alguns anos, quando os comportamentos já tiverem mudado". A proposta inicial era que o imposto tivesse
um valor de 32 por tonelada,
o que foi descartado devido à
crise econômica.
"Nosso mundo chegou à hora
da verdade. É preciso decidir
hoje se nós queremos criar um
mundo diferente daquele de
antes da crise", discursou.
"Da crise econômica que nós
conhecemos, deverá nascer um
mundo novo. Não se trata de
construir uma sociedade de retração, que dá as costas ao progresso, de escolher entre a economia e a ecologia (...) mas de
encontrar os caminhos que
conduzirão a um crescimento
mais justo", prosseguiu.
Sarkozy também acenou
com medidas protecionistas,
dizendo que não aceitaria que a
Europa importasse produtos
de países que não respeitassem
as regras de emissões francesas. Citou a taxa de fronteira de
carbono prevista na lei americana de mudança climática, em
tramitação no Senado. "Não
vejo por que a Europa não poderia fazer o mesmo."
O imposto sobre o carbono
era uma promessa de campanha de Sarkozy. Na eleição de
2007, o ambientalista mais famoso da França, Nicolas Hulot,
fez todos os principais candidatos prometerem que introduziriam a proposta. Hoje, impostos do tipo só existem na Suécia, na Dinamarca, na Finlândia e na Eslovênia.
Sem hostilizar o presidente,
ambientalistas disseram que a
proposta "passa ao largo" do
objetivo principal -combater a
mudança climática. Para eles,
uma taxa de 17 é pequena demais para ter um efeito nas
emissões. "[São] belas palavras,
que não estão à altura das questões", disse Cécile Duflot, secretária do Partido Verde.
Sobre a rejeição à taxa, Sarkozy disse que outras grandes
reformas também foram originalmente impopulares na
França -como a descolonização e o fim da pena de morte.
Com "Le Monde" e agências internacionais
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