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Cúpula de Copenhague ignora segurança alimentar, diz FAO
DA ENVIADA A COPENHAGUE
O diretor-geral da FAO
(agência da ONU para agricultura e alimentação) exortou
ontem a conferência do clima
em Copenhague a incluir a segurança alimentar na agenda.
Para Jacques Diouf, isso produziria um círculo virtuoso de redução de emissões e preservação das atividades agrícolas.
A cada vez mais enxuta agenda da cúpula deixou praticamente de fora a questão da falta
de comida, um dos temas mais
caros no aquecimento global.
Dessa forma, seria possível
"promover a adaptação que é
crucial à segurança alimentar e
fazer uma contribuição significativa em mitigação [dos gases-estufa]", disse ontem Diouf em
evento paralelo à cúpula. O diretor-geral da FAO argumenta
que isso é essencial, pois 14%
das emissões de gás carbônico
saem da agropecuária. Por ora,
pouco países falam em mencioná-la na declaração final.
Fontes envolvidas no debate
dizem que casar segurança alimentar, mudança climática e
comércio deveria ser óbvio,
mas pouco esforço tem sido feito até agora nessa direção. No
máximo, têm-se observado investidas retóricas.
A própria FAO tem dificuldade para estimar o quanto seria
necessário gastar com a mitigação por meio da agricultura no
mundo e quanto poderia ser
economizado com isso, ou
quantas pessoas poderiam se
beneficiar -a agência coloca
em 1 bilhão o número de pessoas que passam fome.
Peter Holmgren, diretor para
a divisão de ambiente, clima e
bioenergia afirmou à Folha
que está em debate uma extensão do mecanismo de Redd (redução de emissões por desmatamento e degradação florestal) para ações agrícolas.
Mas tudo é ainda incipiente,
e, apesar de mecanismos financeiros para o Redd estarem já
avançados, a agricultura é
questão mais delicada -que
adentra a agenda comercial e a
questão dos subsídios dos países desenvolvidos, sobretudo
dos EUA, a seus produtores.
Plantio ecológico
Um estudo lançado ontem
pela agência da ONU propõe a
adoção de medidas simples, como cobrir a terra entre períodos de plantio, para reduzir a
emissão de gases-estufa.
A agência da ONU criou um
programa estimado em US$ 60
milhões amparado em doações
múltiplas a fim de promover a
agricultura sustentável e de
baixa emissão em países em desenvolvimento. A ideia é investir em treinamento, monitoramento, prestação de contas e
verificação. Mas, por ora, apenas o governo da Finlândia ofereceu US$ 3,9 milhões para serem usados em 2010.
A economista ambiental Leslie Lipper, que já trabalhou no
Brasil, diz que o país -sobretudo o Nordeste- seria o local
ideal para colocar em campo as
conclusões do estudo. "É uma
nação que tem toda a expertise
técnica, experiência na questão
do Redd e ao mesmo tempo
têm muita carência, sobretudo
entre os pequenos agricultores", afirma a pesquisadora.
(LC)
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