UOL


São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

Próximo Texto | Índice

BIOTECNOLOGIA

Empresa Alellyx começa a testar técnica contra replicação de patógeno; diagnóstico está perto do mercado

Vacina vai atacar vírus que afeta laranjais

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Já está em fase de testes uma vacina molecular contra a morte súbita dos citros, uma doença que já infectou cerca de 2 milhões de pés de laranja nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Criada por pesquisadores da empresa de biotecnologia Alellyx, os mesmos que identificaram a causa da morte súbita em fevereiro, a vacina pode chegar ao mercado em dois anos, se tudo der certo.
O bioquímico Fernando Reinach, presidente da Alellyx, disse que a empresa está trabalhando em duas frentes. Seus cientistas estão finalizando um teste capaz de apontar a presença do vírus que causa a moléstia, enquanto começam os testes da vacina. Segundo Reinach, ainda não há resultados disponíveis sobre a eficácia da imunização.
Estima-se que a morte súbita já tenha custado por volta de US$ 20 milhões aos citricultores brasileiros, cuja produção representa metade do mercado mundial de suco de laranja.
Foi a própria solução contra um problema similar, o vírus da tristeza, que acabou gerando involuntariamente a nova moléstia. Essa doença arrasou os laranjais paulistas nos anos 40 e 50 do século passado e foi detida graças à criação de outra vacina, que contém uma versão inócua do vírus.
Tornou-se praxe, a partir de então, vacinar todas as mudas de laranja contra o vírus da tristeza. Acontece que o antes inofensivo vírus usado no processo sofreu mutações em seu material genético, tornando-se novamente capaz de causar a doença.
Ao soletrar as "letras" químicas que compõem o RNA do vírus e contêm as instruções para seu funcionamento, a equipe da Alellyx descobriu quais versões dele eram as malignas. A vacina ajudará a planta a impedir que o vírus replique seu material genético e se reproduza. Por sigilo de propriedade intelectual, Reinach não revela qual o mecanismo exato que cria essa imunidade.
Caso a vacina não funcione, outra opção é modificar geneticamente a planta para resistir ao vírus. "Mas nossa preferência é não ter de alterar o genoma", diz Reinach. (REINALDO JOSÉ LOPES)


Próximo Texto: Arqueologia: Nova data de sítio confirma poderio do rei Salomão
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.