|
Próximo Texto | Índice
BIOTECNOLOGIA
Empresa Alellyx começa a testar técnica contra replicação de patógeno; diagnóstico está perto do mercado
Vacina vai atacar vírus que afeta laranjais
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Já está em fase de testes uma vacina molecular contra a morte súbita dos citros, uma doença que já
infectou cerca de 2 milhões de pés
de laranja nos Estados de São
Paulo e Minas Gerais. Criada por
pesquisadores da empresa de biotecnologia Alellyx, os mesmos
que identificaram a causa da morte súbita em fevereiro, a vacina
pode chegar ao mercado em dois
anos, se tudo der certo.
O bioquímico Fernando Reinach, presidente da Alellyx, disse
que a empresa está trabalhando
em duas frentes. Seus cientistas
estão finalizando um teste capaz
de apontar a presença do vírus
que causa a moléstia, enquanto
começam os testes da vacina. Segundo Reinach, ainda não há resultados disponíveis sobre a eficácia da imunização.
Estima-se que a morte súbita já
tenha custado por volta de US$ 20
milhões aos citricultores brasileiros, cuja produção representa
metade do mercado mundial de
suco de laranja.
Foi a própria solução contra um
problema similar, o vírus da tristeza, que acabou gerando involuntariamente a nova moléstia.
Essa doença arrasou os laranjais
paulistas nos anos 40 e 50 do século passado e foi detida graças à
criação de outra vacina, que contém uma versão inócua do vírus.
Tornou-se praxe, a partir de então, vacinar todas as mudas de laranja contra o vírus da tristeza.
Acontece que o antes inofensivo
vírus usado no processo sofreu
mutações em seu material genético, tornando-se novamente capaz
de causar a doença.
Ao soletrar as "letras" químicas
que compõem o RNA do vírus e
contêm as instruções para seu
funcionamento, a equipe da
Alellyx descobriu quais versões
dele eram as malignas. A vacina
ajudará a planta a impedir que o
vírus replique seu material genético e se reproduza. Por sigilo de
propriedade intelectual, Reinach
não revela qual o mecanismo exato que cria essa imunidade.
Caso a vacina não funcione, outra opção é modificar geneticamente a planta para resistir ao vírus. "Mas nossa preferência é não
ter de alterar o genoma", diz Reinach.
(REINALDO JOSÉ LOPES)
Próximo Texto: Arqueologia: Nova data de sítio confirma poderio do rei Salomão Índice
|