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ARQUEOLOGIA
Dados mostram que invasão de Israel por faraó ocorreu logo depois da morte do monarca hebreu, em 925 a.C.
Nova data de sítio confirma poderio do rei Salomão
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma guerra no Oriente Médio
-igualmente brutal, mas bem
mais antiga que a do Iraque- foi
agora corretamente identificada,
no tempo e no espaço, por cientistas em Israel.
O aperfeiçoamento da cronologia histórica dá apoio à hipótese
de que o rei hebreu Salomão, glorificado na Bíblia como soberano
sábio e poderoso, de fato pode ser
qualificado ao menos com o segundo desses adjetivos, pela imponência das construções agora confirmadas como obras suas.
Usando o tradicional teste de
carbono-14 para datação, os arqueólogos puderam localizar o
ponto correspondente à destruição da cidade israelita de Rehov
durante uma campanha do faraó
egípcio Shoshenq 1º, mencionado
na Bíblia como Shishak (ou Sesac). A invasão do faraó é narrada
no Primeiro Livro dos Reis (capítulo 14, versículos 25-26) e no Segundo Livro das Crônicas (capítulo 12, versículos 3-4).
Rehov foi destruída e reconstruída muitas vezes, deixando várias camadas de ocupação, entre
as quais figuram as marcas dos incêndios que ocorreram durante
suas tomadas e saques. Para as datações com carbono-14 foram
usados grãos e caroços de azeitona carbonizados desses estratos
marcados pela guerra.
O estudo, coordenado por Hendrik J. Bruins (Universidade Ben
Gurion do Negev, em Israel), saiu
na última edição da revista científica norte-americana "Science"
(www.sciencemag.org).
"Para a Idade do Ferro em Israel, em relação aos dados bíblicos sobre Salomão, o sincronismo
com o faraó Shishak em geral e
sua campanha militar em particular é de extrema importância, por
causa do elo textual direto com a
cronologia do antigo Egito", disse
Bruins à Folha.
"Pela primeira vez nós fomos
capazes, baseados em datação independente de radiocarbono, e
não meramente na opinião acadêmica, de associar uma camada
específica de destruição da Idade
do Ferro com o faraó Shishak",
afirma o pesquisador. "Isso significa que essa camada pode ser
considerada "salomônica", porque
os textos em hebraico antigo dizem que Shishak e Salomão estavam vivos e ativos no mesmo período."
Salomão é tradicionalmente
considerado um dos mais poderosos reis hebreus, construtor do
templo de Jerusalém e de grandes
fortificações em cidades como
Megido, Hazor e Gezer. A imponência das construções do período salomônico em Tel Rehov indicariam que a visão tradicional
de Salomão como um grande rei
estaria correta.
Uma historiografia e uma arqueologia revisionistas, no entanto, procuraram mostrar que esses
grandes complexos arquitetônicos na verdade seriam construções mais recentes, e que a glorificação dos reis Davi e seu filho Salomão era exagerada. Os dois teriam sido meros chefes tribais.
A data aceita pelos historiadores
para o ataque egípcio é em torno
de 925 a.C., ou cinco anos depois
da morte de Salomão. Depois dele, a monarquia hebraica partiu-se em dos reinos, Israel e Judá.
"As datações por radiocarbono
se relacionam muito bem com a
cronologia egípcia. É inconsistente aceitar Shishak e Jeroboão e rejeitar Salomão. Todos os três são
mencionados no texto", diz
Bruins. Jeroboão usurpou do filho de Salomão o reino de Israel.
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