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ASTRONÁUTICA
Nave Atlantis deve partir rumo à estação internacional em 18 de dezembro, segundo os planos da agência
Nasa marca data de vôo do ônibus espacial
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes mesmo da divulgação do
relatório final do painel independente sobre a desintegração do
ônibus espacial Columbia, a Nasa
já marcou a data em que suas naves voltarão a voar. No que depender da agência norte-americana, no dia 18 de dezembro o
Atlantis deve partir rumo à Estação Espacial Internacional (ISS),
retomando o processo de construção do complexo orbital.
Caso o vôo ocorra mesmo em
dezembro, menos de 11 meses terão transcorrido desde o acidente
que custou a vida dos sete tripulantes do Columbia, em 1º de fevereiro. Para efeito de comparação, quando o Challenger explodiu, em 1986, a frota da Nasa ficou
parada por cerca de dois anos e
meio. Desta vez, entretanto, a necessidade de prosseguir com a
montagem da estação acabou
pressionando a agência a acelerar
a retomada dos vôos.
Enquanto a frota americana esteve fora de uso, todas as operações de reabastecimento e rotação
de tripulações tiveram de ser conduzidas com naves Progress e Soyuz russas, e o número de habitantes fixos do complexo foi reduzido de três para dois.
Publicamente, a agência ainda
toma cuidado ao anunciar a marcação do vôo. Ontem, o administrador Sean O'Keefe disse numa
entrevista coletiva que o retorno
das operações deveria acontecer
entre o fim de 2003 e o início de
2004, ressaltando que a Nasa seguirá à risca todas as recomendações da comissão investigadora liderada pelo almirante aposentado Harold W. Gehman Jr.
Numa apresentação interna para o pessoal da agência, porém, a
retomada foi apresentada de maneira bem menos incerta, segundo a Folha apurou. Nela, Michael
Greenfield, diretor responsável
por programas técnicos, anuncia
a data oficial de 18 de dezembro e
dá estimativas para os seis vôos
subsequentes, que concluiriam a
construção do "núcleo" da ISS até
fevereiro de 2005.
Relatório final
A comissão que investiga o acidente do Columbia já está concluindo os trabalhos e deve em
breve ir a Washington para escrever o relatório final. Ele deve
apontar como provável causa do
desastre o choque da espuma desprendida do tanque de combustível durante a decolagem contra as
placas de carbono-carbono reforçado que formam a porção frontal da asa esquerda da nave.
O impacto teria causado uma
fissura que permitiu a entrada de
plasma superaquecido na asa,
causando a perda de sua integridade estrutural durante o retorno
à atmosfera. Isso teria destruído a
nave e matado os sete tripulantes.
O relatório e as recomendações
finais à Nasa devem sair no final
de julho, mas a agência espacial
americana não perdeu tempo e
iniciou um processo independente de formulação de medidas para
ampliar a segurança dos vôos. Entre elas estão o fim das decolagens
noturnas (que dificultam a filmagem da nave durante os momentos mais delicados do procedimento), a tomada de imagens do
veículo por satélites-espiões americanos e a preferência por órbitas
que passem pela ISS, para facilitar
inspeções mesmo quando a missão não se dirigir à estação.
Além disso, um novo método
para recobrir o tanque de combustível com a espuma isolante
foi desenvolvido. Uma parte especialmente frágil da estrutura, em
que o tanque é conectado à nave,
será reprojetada, com um novo tipo de controle térmico.
A Nasa também estuda a possibilidade de montar pontos de
apoio na superfície dos veículos
para permitir que astronautas façam inspeções e reparos durante
caminhadas espaciais. Atualmente, os tripulantes não têm como se
mover com segurança além da
área de carga do ônibus espacial.
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