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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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ASTRONÁUTICA

Nave Atlantis deve partir rumo à estação internacional em 18 de dezembro, segundo os planos da agência

Nasa marca data de vôo do ônibus espacial

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes mesmo da divulgação do relatório final do painel independente sobre a desintegração do ônibus espacial Columbia, a Nasa já marcou a data em que suas naves voltarão a voar. No que depender da agência norte-americana, no dia 18 de dezembro o Atlantis deve partir rumo à Estação Espacial Internacional (ISS), retomando o processo de construção do complexo orbital.
Caso o vôo ocorra mesmo em dezembro, menos de 11 meses terão transcorrido desde o acidente que custou a vida dos sete tripulantes do Columbia, em 1º de fevereiro. Para efeito de comparação, quando o Challenger explodiu, em 1986, a frota da Nasa ficou parada por cerca de dois anos e meio. Desta vez, entretanto, a necessidade de prosseguir com a montagem da estação acabou pressionando a agência a acelerar a retomada dos vôos.
Enquanto a frota americana esteve fora de uso, todas as operações de reabastecimento e rotação de tripulações tiveram de ser conduzidas com naves Progress e Soyuz russas, e o número de habitantes fixos do complexo foi reduzido de três para dois.
Publicamente, a agência ainda toma cuidado ao anunciar a marcação do vôo. Ontem, o administrador Sean O'Keefe disse numa entrevista coletiva que o retorno das operações deveria acontecer entre o fim de 2003 e o início de 2004, ressaltando que a Nasa seguirá à risca todas as recomendações da comissão investigadora liderada pelo almirante aposentado Harold W. Gehman Jr.
Numa apresentação interna para o pessoal da agência, porém, a retomada foi apresentada de maneira bem menos incerta, segundo a Folha apurou. Nela, Michael Greenfield, diretor responsável por programas técnicos, anuncia a data oficial de 18 de dezembro e dá estimativas para os seis vôos subsequentes, que concluiriam a construção do "núcleo" da ISS até fevereiro de 2005.

Relatório final
A comissão que investiga o acidente do Columbia já está concluindo os trabalhos e deve em breve ir a Washington para escrever o relatório final. Ele deve apontar como provável causa do desastre o choque da espuma desprendida do tanque de combustível durante a decolagem contra as placas de carbono-carbono reforçado que formam a porção frontal da asa esquerda da nave.
O impacto teria causado uma fissura que permitiu a entrada de plasma superaquecido na asa, causando a perda de sua integridade estrutural durante o retorno à atmosfera. Isso teria destruído a nave e matado os sete tripulantes.
O relatório e as recomendações finais à Nasa devem sair no final de julho, mas a agência espacial americana não perdeu tempo e iniciou um processo independente de formulação de medidas para ampliar a segurança dos vôos. Entre elas estão o fim das decolagens noturnas (que dificultam a filmagem da nave durante os momentos mais delicados do procedimento), a tomada de imagens do veículo por satélites-espiões americanos e a preferência por órbitas que passem pela ISS, para facilitar inspeções mesmo quando a missão não se dirigir à estação.
Além disso, um novo método para recobrir o tanque de combustível com a espuma isolante foi desenvolvido. Uma parte especialmente frágil da estrutura, em que o tanque é conectado à nave, será reprojetada, com um novo tipo de controle térmico.
A Nasa também estuda a possibilidade de montar pontos de apoio na superfície dos veículos para permitir que astronautas façam inspeções e reparos durante caminhadas espaciais. Atualmente, os tripulantes não têm como se mover com segurança além da área de carga do ônibus espacial.


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