São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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Pílula não eleva risco de infarto, diz estudo; especialista contesta

DANIELA SANDLER
da Reportagem Local

Tomar pílula anticoncepcional não aumentaria o risco de ataque cardíaco, segundo um estudo publicado hoje na revista científica "British Medical Journal". A pesquisa foi feita na Unidade de Pesquisa de Segurança de Drogas de Southampton, no Reino Unido.
De 450 mulheres que haviam sofrido ataque cardíaco entre os 16 e os 44 anos, 87% não tomavam anticoncepcionais. Além disso, 88% delas tinham outros fatores de risco, como tabagismo.
Anticoncepcionais elevam o risco da formação de trombos (coágulos de sangue), que podem obstruir vasos sanguíneos. A obstrução de vasos no coração causa infarto. Por isso, muitos consideram que os anticoncepcionais aumentam o risco de ataque cardíaco.
Apesar da nova pesquisa, a questão ainda é controversa. O cardiologista Francisco Fonseca, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que "é prematuro dizer que não há riscos".
Ele acrescenta que anticoncepcionais alteram a coagulação do sangue e podem expor a pessoa a ataques cardiovasculares, como infarto e embolia pulmonar. Mas ele diz também que o principal fator associado ao infarto em mulheres entre 35 e 44 anos é o fumo.
Para o ginecologista José Mendes Aldrighi, da USP, "a pesquisa comprova o que já se sabia". Segundo ele, a pílula não aumenta as chances de infarto em mulheres com menos de 35 anos que não tenham nenhum outro fator de risco.
Os principais fatores são fumo -inclusive passivo-, obesidade, hipertensão, diabetes, vida sedentária e antecedentes familiares.
Um artigo sobre o estudo, na mesma revista, também destaca que o "vilão" é o fumo, afirmando que, se todas as mulheres em idade reprodutiva parassem de fumar, 73% dos infartos agudos do miocárdio nessa fase seriam evitados.


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