|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BIOTECNOLOGIA
Permissão foi dada à Universidade de Newcastle, que pretende estudar células-tronco
Reino Unido dá sua 1ª licença para clonagem
DA REDAÇÃO
O Reino Unido concedeu ontem a primeira licença para um
centro de pesquisa britânico clonar embriões com fins terapêuticos. A permissão foi dada pela
Autoridade em Fertilização e Embriologia Humana (HFEA, na sigla em inglês) à Universidade de
Newcastle, no centro do país, e
dura inicialmente um ano.
A universidade espera transformar células-tronco embrionárias
em células produtoras de insulina, que seriam transplantadas para pâncreas de diabéticos. O cientista Miodrag Stojkovic, da equipe
de Newcastle, disse que são necessários pelo menos cinco anos para
que os testes clínicos comecem.
"A licença [concedida pela
HFEA] tem duas vantagens: os
pesquisadores podem trabalhar
com células pluripotentes e usar o
código genético do próprio paciente, o que reduz a chance de rejeição durante o tratamento", explica a pesquisadora Rosalia
Mendez Otero, que trabalha com
células-tronco na UFRJ.
Células pluripotentes têm o potencial de formar qualquer tipo de
tecido no organismo e ocorrem
em abundância nos embriões. Essa capacidade está aparentemente
esmorecida em células-tronco retiradas do cordão umbilical, da
medula óssea ou do sangue.
Cabo-de-guerra
O anúncio provocou a reação de
grupos contrários à clonagem humana. "É cientificamente irresponsável fazer o trabalho de base
para aqueles que desejam clonar
bebês em outros países", afirmou
David King, do grupo Human Genetics Alert, com sede em Londres. No Vaticano, o papa João
Paulo 2º condenou a licença concedida pela HFEA.
Em 2001, o Reino Unido foi o
primeiro país do mundo a permitir a clonagem terapêutica -a reprodutiva, que visa formar uma
nova pessoa, permanece proibida. Desde então, os britânicos utilizam embriões descartados por
clínicas de fertilização e material
depositado em um banco nacional de células-tronco.
A legislação no país exige a destruição do embrião em até 14 dias
e proíbe sua implantação no útero. Nesse estágio de desenvolvimento, o embrião é chamado de
blastocisto, um amontoado esférico com cerca de cem células.
Em fevereiro, cientistas da Coréia do Sul anunciaram pela primeira vez a retirada bem-sucedida de células-tronco de um embrião clonado. A técnica usada
por eles, a transferência nuclear, é
a mesma que será aplicada pela
equipe de Newcastle e foi usada
para fabricar a ovelha Dolly.
O método consiste em retirar o
núcleo de uma célula adulta, obtida na pele do paciente, por exemplo. Esse núcleo carrega o código
genético do doador. Ele é implantado em um óvulo, que é artificialmente estimulado a se dividir como se estivesse fertilizado.
Os Estados Unidos estão no outro lado da corda. O presidente
George W. Bush é um dos mais
obstinados críticos à clonagem de
embriões humanos e sua administração veta o financiamento
público a esse tipo de pesquisa.
Nas Nações Unidas, os Estados
Unidos apóiam uma proposta
que proíbe ambas as formas de
clonagem. O tema deverá ser discutido na próxima Assembléia
Geral da instituição, que acontece
em setembro próximo.
No Brasil, o projeto da Lei de
Biossegurança, que regulamenta
a pesquisa com células-tronco
embrionárias, tramita no Senado.
Se aprovado, permitirá o manuseio de embriões descartados por
clínicas de fertilização, mas proibirá a clonagem tanto terapêutica
quanto reprodutiva.
Com agências internacionais e "The Independent"
Texto Anterior: T. rex virava um gigante na adolescência Próximo Texto: Política científica: Perez deixa Fapesp após dez anos Índice
|