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São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003

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Neurocientista quer instituto em Natal

DA REDAÇÃO

Miguel Nicolelis não é aficionado só por neuropróteses e jogos do Palmeiras, cujo escudo decora uma bola de futebol na página de seu laboratório na internet (www.nicolelislab.net). A última idéia fixa do brasileiro é montar um instituto-modelo de neurociência em Natal (RN).
No mês passado, os ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação se comprometeram a destinar R$ 2 milhões para começar a tirar o instituto da esfera dos neurônios, sob a coordenação da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). A previsão é tê-lo funcionando em três anos, num terreno doado perto do açude do Bêbado, em Macaíba, a 30 km do centro da capital potiguar.
Nicolelis diz que a escolha de Natal nada tem a ver com suas praias e que não pensa em se transferir de Durham, Carolina do Norte -nem mesmo depois do furacão Isabel. Explicação: sua posição na Universidade Duke e os milhões de dólares associados a ela, necessários para comprar e desenvolver os aparelhos usados no Centro de Neuroengenharia.
A maior parte dos recursos do projeto, coisa de 90%, vem de um órgão que daria arrepios em muitos antimilitaristas, a Darpa (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, dos Estados Unidos), que entre outras coisas induziu o parto da internet, nascida com o nome de Arpanet.
Nicolelis diz que o interesse da agência está só no desenvolvimento de próteses inteligentes e nos algoritmos paralelos, que podem contribuir para criar novas arquiteturas de computação. "Deixei muito claro que não aceitaria trabalhar no projeto se tivesse qualquer aplicação militar."
Segundo Nicolelis, nenhuma de suas pesquisas tem caráter sigiloso, algo que seria corriqueiro no caso de aplicações bélicas, como interfaces homem-armas. Tudo, diz o neurocientista, sai publicado em revistas que empregam revisão por pares (outros pesquisadores da comunidade civil). (ML)


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