São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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ESPAÇO

Sequência de panes desde março afeta programa espacial americano, que já planeja substituto dos ônibus espaciais

Novo problema adia subida do Endeavour

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após uma imprevista troca de tripulação e um problema no sistema de oxigenação dos capacetes dos astronautas, a missão do ônibus espacial Endeavour foi cancelada poucas horas antes do lançamento, ontem, no Centro Espacial Kennedy (Flórida). Ao que parece, a sequência de falhas no programa tripulado da Nasa, iniciada em março, não acabou.
O novo vôo do ônibus espacial já estava cercado por uma certa desconfiança -de natureza supersticiosa. Não bastasse a necessidade de substituir dois tripulantes dias antes da missão, em razão de problemas médicos (algo que não havia acontecido no programa tripulado americano desde a famosa missão Apolo-13), a numeração de mais esse vôo para a ISS (Estação Espacial Internacional) era similar à da malfadada missão lunar de 1970: STS-113.
Para completar, o histórico recente dos vôos de ônibus espaciais não era dos melhores. Apesar de a última missão, do Atlantis, ter sido bem-sucedida, a Nasa ainda estava se recuperando de problemas recentemente detectados nos dutos de combustível de todas as naves, o que levara ao recolhimento da frota por quase quatro meses.
Teria sido bom para espantar o fantasma do fracasso que o Endeavour também tivesse um bom desempenho na missão que começaria ontem. Mas não deu.
A tripulação já estava a bordo da nave quando o centro de controle da missão anunciou um problema com o sistema que leva oxigênio aos capacetes dos astronautas e adiou a decolagem. Os engenheiros vão, agora, verificar o que houve, mas não há perspectiva de nova tentativa de lançamento antes da próxima segunda-feira.
Isso quer dizer que a tripulação fixa da ISS vai esperar mais para voltar para casa. Já há cinco meses no espaço, eles seriam substituídos por três astronautas que estavam a bordo do Endeavour.
Enquanto isso, a Nasa está em meio a discussões para o estabelecimento de um programa forte de substituição dos ônibus espaciais, que voam desde 1981, em conjunto com o restabelecimento da capacidade total de uso da ISS.
Um anúncio feito pela Nasa na sexta-feira aponta mudanças em seu orçamento para acomodar um plano de construção de um veículo para levar astronautas à ISS. Ironicamente, os americanos têm por meta um modelo adotado pelos russos há 40 anos -com as devidas atualizações, claro.
O programa, chamado Integrated Space Transportation Plan, ou Plano de Transporte Espacial Integrado, conta com o direcionamento de mais verbas para os atuais ônibus espaciais e o desenvolvimento de um futuro substituto definitivo, mais barato, mas com as mesmas capacidades.
Entre esses dois, entraria a criação de um veículo multiuso mais simples, com função de apenas transportar tripulação (como fazem as naves Soyuz russas, diferentemente dos ônibus espaciais, que transportam carga útil e pessoal). Com finalização prevista para o início da próxima década, a nave seria usada tanto como transporte para a ISS como também como veículo salva-vidas para o complexo espacial.


Com agências internacionais.

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