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ESPAÇO
Sequência de panes desde março afeta programa espacial americano, que já planeja substituto dos ônibus espaciais
Novo problema adia subida do Endeavour
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma imprevista troca de
tripulação e um problema no sistema de oxigenação dos capacetes
dos astronautas, a missão do ônibus espacial Endeavour foi cancelada poucas horas antes do lançamento, ontem, no Centro Espacial Kennedy (Flórida). Ao que
parece, a sequência de falhas no
programa tripulado da Nasa, iniciada em março, não acabou.
O novo vôo do ônibus espacial
já estava cercado por uma certa
desconfiança -de natureza supersticiosa. Não bastasse a necessidade de substituir dois tripulantes dias antes da missão, em razão
de problemas médicos (algo que
não havia acontecido no programa tripulado americano desde a
famosa missão Apolo-13), a numeração de mais esse vôo para a
ISS (Estação Espacial Internacional) era similar à da malfadada
missão lunar de 1970: STS-113.
Para completar, o histórico recente dos vôos de ônibus espaciais não era dos melhores. Apesar de a última missão, do Atlantis, ter sido bem-sucedida, a Nasa
ainda estava se recuperando de
problemas recentemente detectados nos dutos de combustível de
todas as naves, o que levara ao recolhimento da frota por quase
quatro meses.
Teria sido bom para espantar o
fantasma do fracasso que o Endeavour também tivesse um bom
desempenho na missão que começaria ontem. Mas não deu.
A tripulação já estava a bordo
da nave quando o centro de controle da missão anunciou um problema com o sistema que leva oxigênio aos capacetes dos astronautas e adiou a decolagem. Os engenheiros vão, agora, verificar o que
houve, mas não há perspectiva de
nova tentativa de lançamento antes da próxima segunda-feira.
Isso quer dizer que a tripulação
fixa da ISS vai esperar mais para
voltar para casa. Já há cinco meses
no espaço, eles seriam substituídos por três astronautas que estavam a bordo do Endeavour.
Enquanto isso, a Nasa está em
meio a discussões para o estabelecimento de um programa forte de
substituição dos ônibus espaciais,
que voam desde 1981, em conjunto com o restabelecimento da capacidade total de uso da ISS.
Um anúncio feito pela Nasa na
sexta-feira aponta mudanças em
seu orçamento para acomodar
um plano de construção de um
veículo para levar astronautas à
ISS. Ironicamente, os americanos
têm por meta um modelo adotado pelos russos há 40 anos -com
as devidas atualizações, claro.
O programa, chamado Integrated Space Transportation Plan, ou
Plano de Transporte Espacial Integrado, conta com o direcionamento de mais verbas para os
atuais ônibus espaciais e o desenvolvimento de um futuro substituto definitivo, mais barato, mas
com as mesmas capacidades.
Entre esses dois, entraria a criação de um veículo multiuso mais
simples, com função de apenas
transportar tripulação (como fazem as naves Soyuz russas, diferentemente dos ônibus espaciais,
que transportam carga útil e pessoal). Com finalização prevista
para o início da próxima década, a
nave seria usada tanto como
transporte para a ISS como também como veículo salva-vidas para o complexo espacial.
Com agências internacionais.
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