São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2007

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Cometa mais brilhante em 30 anos surge de surpresa

Descoberto há apenas cinco meses, o McNaught será visível do Brasil por 15 dias

Surpreendendo até mesmo astrônomos, objeto surgiu no hemisfério Norte com uma cauda de comprimento igual a duas vezes a Lua

RAFAEL GARCIA
EDUARDO GERAQUE

DA REPORTAGEM LOCAL Um cometa descoberto há apenas cinco meses surpreendeu astrônomos ao se aproximar do Sol, tornando-se visível a olho nu no hemisfério Norte, e deve fornecer um espetáculo ainda maior quando aparecer no Sul. "O McNaught tem tudo para ser o mais o brilhante em décadas", diz o astrofísico Amaury de Almeida, da USP.
"Esse objeto, na segunda quinzena de janeiro vai ser observável no nascer e no pôr-do-Sol por vários dias, mesmo que o tempo não ajude muito", diz o astrofísico. Ele será visível no horizonte na direção sudoeste.
Em diversas cidades do hemisfério Norte, o McNaught já estava bem visível a olho nu ontem, com sua cauda cobrindo um ângulo de 1 grau no céu, equivalente a cerca de duas vezes o diâmetro da Lua cheia.
Em São José dos Campos (SP), anteontem, o astrônomo Francisco Jablonski, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), já tentava captar as primeiras imagens do cometa, mas o mau tempo atrapalhou. "Havia muita névoa seca no horizonte", diz. É provável que ele se torne mesmo visível só na segunda-feira. "Com telescópio, será possível encontrá-lo mesmo depois de o Sol se pôr. Aqui no Brasil o entardecer é o melhor período."
Ainda não está claro se hoje e amanhã o cometa estará visível, mas os melhores lugares para vê-lo são fora da cidade, em locais com horizonte amplo, sem poluição e tempo bom.
Segundo astrônomos, só quando o McNaught se aproximou do Sol é que ficou claro que ele seria tão visível. O cometa leva o nome de Robert McNaught, astrônomo australiano que o descobriu.
"Realmente, esse brilho dele era algo inesperado", diz Jablonski. "Mas é normal, porque nunca se sabe o que realmente pode ocorrer quando o cometa passa perto do Sol."
Segundo o astrônomo da Nasa Tony Philips, o McNaught já é o objeto mais visível dos últimos 30 anos: seis vezes mais brilhante do que o cometa Hale-Bopp, que teve sua última passagem em 1997, e cem vezes mais brilhante do que o Halley quando passou em 1986. Segundo ele, o novo cometa pode se tornar "o mais brilhante com registro na história".
Agora, o cometa está com uma trajetória paralela ao horizonte, mas os cientistas ainda não conseguiram calcular com que período ele visita as vizinhanças da Terra. "Provavelmente é um período longo, com mais de 200 anos", diz Almeida.
O McNaught surpreendeu a todos porque, quando um cometa está muito distante, os fenômenos que dão origem a seu brilho e sua cauda ainda são fracos. Chegando perto do Sol, sua superfície começa a sublimar e o vento solar (fluxo de partículas eletricamente carregadas) reage com sua coma (a "cabeleira" do cometa) para varrê-la e formar a cauda.


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