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Cometa mais brilhante em 30 anos surge de surpresa
Descoberto há apenas cinco meses, o McNaught será visível do Brasil por 15 dias
Surpreendendo até mesmo
astrônomos, objeto surgiu
no hemisfério Norte com
uma cauda de comprimento
igual a duas vezes a Lua
RAFAEL GARCIA
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um cometa descoberto há
apenas cinco meses surpreendeu astrônomos ao se aproximar do Sol, tornando-se visível
a olho nu no hemisfério Norte,
e deve fornecer um espetáculo
ainda maior quando aparecer
no Sul. "O McNaught tem tudo
para ser o mais o brilhante em
décadas", diz o astrofísico
Amaury de Almeida, da USP.
"Esse objeto, na segunda
quinzena de janeiro vai ser observável no nascer e no pôr-do-Sol por vários dias, mesmo que
o tempo não ajude muito", diz o
astrofísico. Ele será visível no
horizonte na direção sudoeste.
Em diversas cidades do hemisfério Norte, o McNaught já
estava bem visível a olho nu ontem, com sua cauda cobrindo
um ângulo de 1 grau no céu,
equivalente a cerca de duas vezes o diâmetro da Lua cheia.
Em São José dos Campos
(SP), anteontem, o astrônomo
Francisco Jablonski, do Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), já tentava captar
as primeiras imagens do cometa, mas o mau tempo atrapalhou. "Havia muita névoa seca
no horizonte", diz. É provável
que ele se torne mesmo visível
só na segunda-feira. "Com telescópio, será possível encontrá-lo mesmo depois de o Sol se
pôr. Aqui no Brasil o entardecer é o melhor período."
Ainda não está claro se hoje e
amanhã o cometa estará visível,
mas os melhores lugares para
vê-lo são fora da cidade, em locais com horizonte amplo, sem
poluição e tempo bom.
Segundo astrônomos, só
quando o McNaught se aproximou do Sol é que ficou claro
que ele seria tão visível. O cometa leva o nome de Robert
McNaught, astrônomo australiano que o descobriu.
"Realmente, esse brilho dele
era algo inesperado", diz Jablonski. "Mas é normal, porque
nunca se sabe o que realmente
pode ocorrer quando o cometa
passa perto do Sol."
Segundo o astrônomo da Nasa Tony Philips, o McNaught já
é o objeto mais visível dos últimos 30 anos: seis vezes mais
brilhante do que o cometa Hale-Bopp, que teve sua última
passagem em 1997, e cem vezes
mais brilhante do que o Halley
quando passou em 1986. Segundo ele, o novo cometa pode
se tornar "o mais brilhante com
registro na história".
Agora, o cometa está com
uma trajetória paralela ao horizonte, mas os cientistas ainda
não conseguiram calcular com
que período ele visita as vizinhanças da Terra. "Provavelmente é um período longo, com
mais de 200 anos", diz Almeida.
O McNaught surpreendeu a
todos porque, quando um cometa está muito distante, os fenômenos que dão origem a seu
brilho e sua cauda ainda são
fracos. Chegando perto do Sol,
sua superfície começa a sublimar e o vento solar (fluxo de
partículas eletricamente carregadas) reage com sua coma (a
"cabeleira" do cometa) para
varrê-la e formar a cauda.
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