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Célula-tronco cura hemofilia em roedor
Com o tratamento, realizado por pesquisadores dos EUA, camundongos pararam de sangrar depois de serem feridos
Experimento usou técnica que manipula proteínas de tecido adulto para produzir célula com potencial similar ao das tiradas de embriões
Shinya Yamanaka/Associated Press
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Células alteradas adquiriram características de células-tronco
DA REDAÇÃO
O uso de células-tronco adultas pode ser a chave para um
novo tratamento da hemofilia
tipo A, segundo pesquisadores
dos Estados Unidos. Essa doença hereditária provoca distúrbios na coagulação do sangue e
atinge entre um e dois indivíduos em cada 10 mil pessoas.
Num estudo publicado na revista científica "PNAS"
(www.pnas.org), cientistas
mostram que conseguiram
criar células-tronco reprogramadas que permitiam aos camundongos hemofílicos produzir as proteínas que lhes faltavam. Isso possibilitou que os
animais parassem de sangrar
após serem feridos.
Os pesquisadores, liderados
por Yupo Ma, do Instituto do
Câncer de Nevada (EUA), usaram células da pele humana (fibroblastos) e as reprogramaram para se tornarem capazes
de produzir a proteína Fator
VIII, crucial para a coagulação.
Em seguida, injetaram as células alteradas no fígado dos animais hemofílicos.
Sete dias depois, os camundongos tratados já produziam a
proteína em quantidade suficiente para parar uma hemorragia quando suas caudas eram
feridas. Já os camundongos
que não receberam o tratamento, mas foram feridos,
morreram após algumas horas.
Os roedores que passaram
pela terapia produziram apenas cerca de 16% da quantidade
de Fator VIII, se comparados
com camundongos saudáveis.
Porém, isso parece ter sido suficiente para prevenir a hemorragia e inverter o principal sintoma de hemofilia A.
Os autores da pesquisa ressaltam que não observaram a
formação de tumores nem de
outros problemas patológicos
induzidos, até o momento. Porém, afirmam que é necessário
acompanhar a vida desses roedores para verificar se a terapia
terá efeitos adversos.
O trabalho fez uso da técnica
do cientista japonês Shinya Yamanaka, da Universidade de
Kyoto, que criou as chamadas
células-tronco pluripotentes
induzidas (iPS, em inglês) a
partir de células adultas.
O feito tinha sido obtido pela
primeira vez em meados de
2006, com células de camundongo. Em 2008, dois grupos
independentes de cientistas divulgaram ter conseguido fazer
com que células humanas adultas da pele passassem a agir como se fossem as versáteis células-tronco embrionárias.
Esse tipo de terapia experimental tem ganhado espaço
não só por sua eficácia, mas
também por evitar o controverso -e burocrático- uso de
embriões para pesquisa. Muitos grupos religiosos qualificam como aborto a prática de
destruir embriões excedentes
de clínicas de fertilização para
extrair células-tronco.
Se as iPS um dia poderem ser
usadas em humanos, terão ainda uma terceira vantagem. Como elas podem ser derivadas
de células adultas do próprio
paciente, isso minimiza os efeitos colaterais relacionados à
rejeição imunológica. Segundo
o estudo, esse tipo de terapia de
pode também ser útil em outros tipos de doenças genéticas.
Tentativas anteriores de terapia genética para tratar a hemofilia falharam por uma série
de razões, incluindo a rejeição
pelo sistema imunológico.
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