São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2009

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Técnica faz medula produzir material para "autoimplante"

ANDY COGHLAN
DA "NEW SCIENTIST"

A possibilidade de pacientes serem tratados com suas próprias células-tronco foi incrementada com a descoberta de terapias medicamentosas que liberam tipos específicos de células-tronco da medula óssea.
A descoberta pode levar a tratamentos novos e simples para acelerar o reparo de ossos e ligamentos quebrados, além de tecidos cardíacos danificados em decorrência de ataques cardíacos. Em lugar de injetar em pacientes células-tronco de doadores, embriões ou bancos de células-tronco, os médicos poderiam simplesmente injetar as drogas, e os próprios pacientes produziriam as células.
Isso evitaria as complicações da rejeição de tecidos e passaria ao largo das objeções éticas envolvendo o uso de células-tronco embrionárias. "Isso é promover a autocura", diz Sara Rankin, do Imperial College London, que integra a equipe que descobriu os efeitos da liberação de células-tronco. "Estamos simplesmente intensificando algo que acontece naturalmente."
Já era possível anteriormente promover a liberação de células-tronco que se desenvolvem e convertem em células sanguíneas. Agora, pela primeira vez, foram liberadas células-tronco que regeneram outros tecidos, como ossos e vasos sanguíneos, ampliando as opções de tratamento.

Abordagem conjugada
Os pesquisadores empregaram uma abordagem conjugada para produzir cada tipo de célula-tronco em camundongos. Primeiro, ministraram aos roedores um fator de crescimento natural por cerca de quatro dias. Finalmente, lhes deram uma droga chamada Mozobil, que "destranca" as células para que elas possam escapar da medula óssea para o sangue. Para elevar os níveis de células-tronco hematopoiéticas, que geram todas as células sanguíneas, os pesquisadores primeiro deram aos camundongos o fator estimulante de colônias de granulócitos (FECG), seguido por Mozobil.
Esse procedimento já é fartamente conhecido e vem sendo praticado extensamente em testes para elevar a produção de células-tronco em pacientes submetidos a tratamento contra formas de linfoma.
Mas o verdadeiro avanço do trabalho realizado no Imperial College foi mostrar que, ao ministrar aos camundongos uma combinação diferente -Mozobil precedido pelo fator de crescimento endotelial vascular (FCEV)- eles puderam elevar os níveis de dois outros tipos de células-tronco: mesenquimais e progenitorasepiteliais.
As primeiras promovem a regeneração de ossos e tecidos e, portanto, poderiam ser usadas para o reparo de ossos. Elas também reduzem inflamações.
Já as células progenitoras epiteliais estimulam o crescimento e reparo de vasos sanguíneos e podem ser úteis para restaurar o fluxo de sangue ao coração ou cérebro após ataques cardíacos ou acidentes vasculares cerebrais.


Tradução de CLARA ALLAIN


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