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Brasil tem salto em descoberta de sapos
Análises de DNA e inventários biológicos fazem total de espécies novas descritas subir de nove em 1997 para 17 em 2007
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Só no ano passado foram descritos 17 novos sapos, pererecas
e rãs no Brasil. E pesquisadores
avaliam que nos próximos anos
o Brasil poderá finalmente conhecer toda a sua diversidade
de anfíbios -um total estimado
em mil espécies.
Hoje, são 825 espécies conhecidas. Em 2006 e 2005, foram descritas 13 e 12 espécies,
respectivamente, contra seis
em 1995 e cinco em 1990.
Entre as novas descobertas
está a do sapo Sphaenorhynchus
caramaschii, da mata atlântica,
que só se distingue de outra espécie (S. surdus) pelo canto que
utiliza para atrair a fêmea.
"Dezenas de novas espécies
[de anfíbios] estão sendo descritas neste momento, devendo ser oficialmente incorporadas à lista brasileira nos próximos anos", afirma o biólogo
Célio Haddad, professor do departamento de Zoologia da
Unesp de Rio Claro.
Segundo ele, há uma revolução em andamento no campo
em razão do uso da genética
molecular. Análises de DNA,
têm permitido descobrir que
certas populações aparentemente idênticas são, na verdade, espécies distintas.
Haddad diz que o número de
descrições também tem aumentado em razão da atuação
de mais pesquisadores e também de iniciativas como o programa Biota, inventário da biodiversidade paulista patrocidado pela Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo). Mesmo assim,
ele avalia que o trabalho poderia ser mais ágil.
Há um total de 90 espécies
que aparecem, por exemplo,
com "dados deficientes" na
Lista da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção, publicada pela Fundação Biodiversitas em 2005. Nesse caso, faltam informações sobre onde a
espécie ocorre, se está em risco
e quando foi avistada. O temor
constante é que extinções
ocorram antes de as espécies
serem plenamente conhecidas.
Sem nojo
Alguns anfíbios parecem ter
verrugas na pele; outros dão a
impressão de serem gosmentos. Haddad e dois colegas
(Cynthia Prado, também da
Unesp, e Luís Felipe Toledo, da
Universidade Federal do Paraná) dão neste mês um bom argumento -ou ao menos uma
boa ferramenta- para as pessoas vencerem o nojo e conhecerem melhor os animais.
O trio lança em abril o livro
"Anfíbios da Mata Atlântica",
um guia com 180 espécies que
pode servir para estudantes e
pesquisadores que realizam
atividades de campo. O livro
traz uma espécie que ainda não
foi descrita -o sapinho-vermelho-, mas a maioria dos animais retratados são fáceis de
encontrar nas matas.
Outro instrumento para os
observadores de batráquios
que estará disponível em breve
é o CD "Guia Interativo dos Anfíbios Anuros do Cerrado,
Campo Rupestre e Pantanal".
Além de mostrar imagens dos
bichos e seus habitats, ele traz
os cantos de 68 sapos, rãs e pererecas. Alguns lembram grilos, martelos, pássaros e apitos.
Ameaças
A maior ameaça hoje para os
anfíbios é a perda de seus habitats. "Muitos estão hoje confinados a pequenas populações
isoladas e vulneráveis", diz Ana
Carnaval, pesquisadora brasileira da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA).
O problema da fragmentação
é mais grave na mata atlântica,
embora o número de extinções
reais ainda seja motivo de debate.
Outra ameaça em potencial é
o quitrídio, um fungo que tem
dizimado anfíbios no exterior e
já ocorre no Brasil. A doença,
que tem sido associada com o
aquecimento global, infecta a
pele dos sapos, matando-os por
asfixia- já que eles dependem
da pele para respirar.
LIVRO - "Anfíbios da Mata Atlântica"
Célio Haddad, Luís Felipe Toledo e
Cynthia Prado; ed. Neotropica, 243
págs., R$ 59
NA INTERNET
www.folha.com.br/0810210
Ouça sons de alguns sapos
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