São Paulo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

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ITA lidera em produtividade científica

USP tem maior volume de publicações, mas instituto da Aeronáutica publica mais artigos científicos por doutor, diz estudo

Autores consideraram só as instituições de ensino com mais de 50 publicações de 2001 a 2005; particulares têm produção "baixíssima"

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

A USP é a universidade brasileira com maior produção científica, mas, quando são levados em conta critérios como o número de doutores ou de cursos de pós-graduação por trabalho publicado, é o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) a instituição mais produtiva.
Essas são conclusões de um estudo realizado pelo Instituto Lobo a partir da base de dados Thomson-ISI, que permite a comparação da produtividade das instituições a partir do número de trabalhos publicados em periódicos internacionais.
No levantamento, foram consideradas apenas as instituições de ensino superior que conseguiram publicar ao menos 50 trabalhos no período de 2001 a 2005.
Esse corte mostra que o número de instituições privadas com produção significativa é muito baixo. Das 86 universidades particulares do país em 2005, apenas 23 (27% do total) conseguiram publicar ao menos 50 trabalhos no período.
"Dá uma média de dez trabalhos por ano. É um patamar baixíssimo para instituições que, pela lei, têm que realizar pesquisa", afirma Oscar Hipólito, autor do estudo em parceria com Roberto Lobo.
Nas federais, o percentual de universidades com ao menos 50 trabalhos foi de 77% e, nas estaduais, 42%. Após esse corte, sobraram 83 instituições com produção significativa. Dessas, apenas 24 são privadas, e a produção delas representou somente 5% do total de trabalhos publicados no período.
Com o objetivo de avaliar também a produtividade de cada instituição, os autores compararam o total de trabalhos publicados com o de doutores em regime integral, de cursos de pós-graduação reconhecidos pela Capes e de recursos recebidos pelo CNPq.
No ranking por doutores, o ITA apresentou a média de 5,4 trabalhos por doutor em regime de dedicação exclusiva, superando Unicamp (5 por doutor), USP (4,9), UFSCar (4,8) e Unifesp (4,7). A média das 83 instituições comparadas foi de 2,25 nesses cinco anos.
A comparação com o número de trabalhos por cursos reconhecidos pela Capes coloca de novo o ITA no topo do ranking.
Por último, levou-se em conta também os recursos recebidos pelo CNPq. Nesse caso, é preciso considerar que outras fontes importantes de financiamento ficaram de fora, como as fundações de apoio estaduais, a Capes ou a Finep.
Quem mais recebeu recursos dessa fonte única foi a USP (R$ 374 milhões em cinco anos), mas o maior investimento por trabalho publicado está na PUC-SP (R$ 517 mil por trabalho publicado).
Para tentar agregar esses três critérios (doutores, cursos e verba do CNPq) num único indicador, os autores do levantamento elaboraram um índice de produtividade em que, mais uma vez, o ITA aparece como a instituição mais produtiva.

Critérios
A produção medida por meio de trabalhos publicados em revistas científicas indexadas -com critérios mais rigorosos de edição- não é a única forma de avaliar instituições.
Outros levantamentos costumam utilizar também critérios como o número de patentes obtidas por uma instituição ou o número de vezes que um artigo é citado em outros trabalhos.
O número de trabalhos publicados por pesquisador, no entanto, é cada vez mais usado por órgãos de fomento.


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