São Paulo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

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Particulares reclamam de preconceito dos órgãos públicos de apoio à pesquisa

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), Abib Salim Cury, diz que a falta de apoio governamental e o excesso de impostos -especialmente no caso de instituições com fins lucrativos- são fatores que limitam o investimento em pesquisa no setor privado.
"Temos de tirar dinheiro para a pesquisa daquilo que recebemos das mensalidades porque enfrentamos muita dificuldade para conseguir recursos nos órgãos federais", diz Cury, que é chanceler da Universidade de Franca.
Para ele, há preconceito no momento de analisar um pedido de recursos para um projeto de pesquisa no setor privado ou mesmo no de autorizar novos cursos de pós-graduação.
"Tenho a preocupação em investir em pesquisa, tanto que já temos hoje quatro patentes, inclusive uma para cura da doença de Chagas que foi aceita e registrada nos EUA. Decidi, no entanto, que não peço mais nada à Capes. Se o projeto é bom, não interessa de onde veio, é preciso fomentá-lo. Mas já somos barrados na base. É muito difícil vencer esse ranço contra o ensino particular."
Oscar Hipólito, do Instituto Lobo, concorda que ainda existe preconceito contra o setor privado, mas diz que o problema principal é de gestão: "O preconceito já foi muito pior. É preciso lembrar também que há universidades privadas, como a PUC do Rio, que sempre tiveram bom desempenho e respeito nessa área. O que falta são bons projetos".
Roberto Lobo, co-autor do estudo e ex-reitor da USP e da UMC (Universidade de Mogi das Cruzes), diz que, quando trocou o setor público pelo privado, decidiu apostar em grupos específicos e organizados.
"Muitas universidades privadas acham que fazer pesquisa é separar uma parcela de seu orçamento e contratar professores para desenvolverem projetos por duas horas por semana. Isso pulveriza os poucos recursos que a instituição tem."
Segundo ele, sua estratégia ao assumir a reitoria da UMC foi identificar áreas que tinham mais potencial e formar grupos de pesquisa chamando também gente de fora.
"Quando há foco, mesmo com poucos recursos, é possível obter resultados. Tanto que nosso levantamento mostra que a UMC é uma das mais produtivas hoje", diz. (AG)


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