São Paulo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

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Humanas distorcem média, afirmam escolas

DA SUCURSAL DO RIO

O investimento recente em pesquisa e o perfil homogêneo do ITA foram as razões apontadas pelo pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da instituição, Homero Maciel, para explicar a boa colocação no levantamento do Instituto Lobo.
"O fato de sermos uma escola concentrada na área de ciências exatas nos favorece na comparação com uma instituição como a USP, que cobre um universo imenso de áreas. Mas também tivemos uma preocupação, especialmente nos últimos seis anos, de levantar a pesquisa aqui dentro e incentivar a publicação", diz Maciel.
Paulo Saldiva, pró-reitor em exercício de Pesquisa da USP, também destaca o perfil diferenciado das instituições.
"O ITA é como um poço artesiano numa pequena área e que é explorado a fundo com competência e apoio da iniciativa privada [no caso, da Embraer]. Aqui na USP também existem alguns "ITAs", mas também existem áreas como a de Saúde, com alta produtividade medida pela publicação em periódicos, e a de humanas, onde essa cultura de publicação [em periódicos] não é tão forte."
A pouca tradição da área de humanas na publicação em periódicos internacionais também é apontada pela pró-reitora de pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, Thereza Cristina Monteiro, para explicar por que a instituição cai da 9ª posição do ranking de instituições com mais trabalhos publicados para a 30ª no de produtividade por doutor (de 1,9 trabalho em cinco anos).
"Depois das engenharias, a maior parte dos nossos grupos de pesquisa é da área de humanidades. Muitos pesquisadores dessa área preferem divulgar seus trabalhos em livros ou jornais que não são indexados nessas bases internacionais."
Oscar Hipólito, um dos autores do estudo, critica a baixa publicação nas humanidades.
"No mundo todo, publica-se mesmo na área de humanas. Pode ser que essa baixa publicação [no Brasil] aconteça por uma questão cultural, mas pode ser também porque esse pesquisador não produza ou não consiga publicar numa revista internacional."
Leandro de Faria, pesquisador da UFSCar que trabalha num levantamento sobre a produção científica para a Fapesp, concorda que há uma tradição menor de publicação na área de humanas, mas também pondera que um trabalho publicado em uma revista científica passa por processos mais rigorosos.
"A menor publicação de humanas é uma questão internacional, não só do Brasil. Isso, no entanto, não invalida a avaliação por meio do número de trabalhos publicados em revistas científicas. A publicação num livro tem, em tese, menos validação da comunidade científica porque o critério de edição é, em geral, menos rigoroso." (AG)


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