|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Humanas distorcem média, afirmam escolas
DA SUCURSAL DO RIO
O investimento recente em
pesquisa e o perfil homogêneo
do ITA foram as razões apontadas pelo pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da instituição, Homero Maciel, para explicar a boa colocação no levantamento do Instituto Lobo.
"O fato de sermos uma escola
concentrada na área de ciências exatas nos favorece na
comparação com uma instituição como a USP, que cobre um
universo imenso de áreas. Mas
também tivemos uma preocupação, especialmente nos últimos seis anos, de levantar a
pesquisa aqui dentro e incentivar a publicação", diz Maciel.
Paulo Saldiva, pró-reitor em
exercício de Pesquisa da USP,
também destaca o perfil diferenciado das instituições.
"O ITA é como um poço artesiano numa pequena área e que
é explorado a fundo com competência e apoio da iniciativa
privada [no caso, da Embraer].
Aqui na USP também existem
alguns "ITAs", mas também
existem áreas como a de Saúde,
com alta produtividade medida
pela publicação em periódicos,
e a de humanas, onde essa cultura de publicação [em periódicos] não é tão forte."
A pouca tradição da área de
humanas na publicação em periódicos internacionais também é apontada pela pró-reitora de pesquisa da Universidade
Federal de Santa Catarina,
Thereza Cristina Monteiro, para explicar por que a instituição
cai da 9ª posição do ranking de
instituições com mais trabalhos publicados para a 30ª no
de produtividade por doutor
(de 1,9 trabalho em cinco anos).
"Depois das engenharias, a
maior parte dos nossos grupos
de pesquisa é da área de humanidades. Muitos pesquisadores
dessa área preferem divulgar
seus trabalhos em livros ou jornais que não são indexados
nessas bases internacionais."
Oscar Hipólito, um dos autores do estudo, critica a baixa
publicação nas humanidades.
"No mundo todo, publica-se
mesmo na área de humanas.
Pode ser que essa baixa publicação [no Brasil] aconteça por
uma questão cultural, mas pode ser também porque esse
pesquisador não produza ou
não consiga publicar numa revista internacional."
Leandro de Faria, pesquisador da UFSCar que trabalha
num levantamento sobre a produção científica para a Fapesp,
concorda que há uma tradição
menor de publicação na área de
humanas, mas também pondera que um trabalho publicado
em uma revista científica passa
por processos mais rigorosos.
"A menor publicação de humanas é uma questão internacional, não só do Brasil. Isso, no
entanto, não invalida a avaliação por meio do número de trabalhos publicados em revistas
científicas. A publicação num
livro tem, em tese, menos validação da comunidade científica
porque o critério de edição é,
em geral, menos rigoroso."
(AG)
Texto Anterior: Particulares reclamam de preconceito dos órgãos públicos de apoio à pesquisa Próximo Texto: Série de imagens mostra coração de roedor que foi "reciclado" Índice
|