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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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COLUMBIA

Mensagem foi divulgada por agência na internet

E-mail de engenheiro tinha lançado alerta dois dias antes, informa Nasa

Nasa/France Presse
Comitê investigador analisa seção de tanque externo na Flórida


DA REDAÇÃO

Dois dias antes de o ônibus espacial Columbia se acidentar, um engenheiro de segurança da Nasa havia alertado para a possibilidade de consequências "catastróficas" se o dano no isolamento de espuma do tanque externo, que ocorrera no lançamento, tivesse permitido que o calor da reentrada na atmosfera penetrasse no compartimento do trem de pouso e estourasse os pneus da nave. O texto do e-mail com o alerta foi divulgado anteontem pela Nasa (www.nasa.gov/columbia).
Como outros dirigentes da Nasa tinham concluído que a espuma não poderia ter causado danos graves, ninguém deu ouvidos ao engenheiro Robert H. Daugherty, que trabalha no Centro de Pesquisa Langley em Hampton, Virgínia. Ele respondeu no e-mail a um pedido de avaliação do impacto nas pastilhas isolantes de calor em volta do compartimento do trem de pouso. Em mensagem a engenheiros do Centro Espacial Johnson em Houston (Texas), Daugherty descreveu "os piores cenários possíveis".
Ele disse que se a temperatura subisse de forma notável no compartimento, as rodas do veículo poderiam falhar e os pneus explodiriam. "Parece-me que, com toda essa destruição no compartimento do trem de pouso, algo pode causar dano suficiente para impedir o acionamento do trem, e aí você estaria num mundo de destruição", escreveu Daugherty.
Daugherty disse que a pressão no compartimento "quase com certeza explodiria a porta, ou pelo menos a mandaria para dentro da corrente de ar, algo catastrófico".
James M. Heflin Jr., chefe de operações de missão da Nasa, disse que Daugherty estava meramente "especulando". "É uma coisa que nós fazemos bastante." Ele afirmou que engenheiros de nível intermediário da Nasa tinham ficado satisfeitos com a noção de que a espuma não tinha causado estragos sérios à nave e, portanto, não passaram os avisos de Daugherty adiante.
Quando um repórter perguntou se a mensagem e a discussão se tornariam partes-chave na investigação do Columbia, Heflin respondeu: "Não, senhor".
A mensagem de e-mail de Daugherty estava endereçada a David F. Lechner, de uma empresa contratada do Centro Espacial Johnson, responsável pelos sistemas mecânicos, de manutenção e de tripulação no Columbia. Cópias foram mandadas a três oficiais de nível intermediário da Nasa.
Daugherty e os destinatários de sua mensagem não responderam a ligações telefônicas e mensagens de e-mail do jornal "The New York Times". Heflin e Leroy Cain, diretor do vôo, responderam perguntas sobre a mensagem.
A Nasa publicou a mensagem de Daugherty em sua página na internet em resposta às repetidas perguntas sobre a qualidade do trabalho feito para avaliar o dano potencial da separação de espuma de isolamento 81 segundos depois do lançamento.
Cain, o diretor de vôo, afirmou que continuar a ruminar sobre questões de segurança mesmo depois de uma situação ter sido declarada segura faz parte da cultura da agência espacial. "Treinamos para o pior cenário", disse.
A junta de investigação liderada pelo almirante da reserva Harold W. Gehman Jr. esteve na Flórida para inspecionar o hangar no Centro Espacial Kennedy onde os restos da nave serão reunidos e catalogados. A Nasa informou que restos mortais de todos os sete astronautas do Columbia foram identificados.

Com agências internacionais


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