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ASTRONOMIA
Objeto localizado fora do Sistema Solar tem menor órbita já vista
Novo planeta tem ano de 28 horas
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Num mundo distante e estranho, um ano inteiro se resume a
pouco mais de 28 horas. Poderia
esse até ser o início de um bizarro
conto de ficção científica, mas é o
que um grupo de pesquisadores
alemães acaba de descobrir: um
planeta localizado fora do Sistema
Solar que leva pouco mais de um
dia terrestre para completar uma
volta em torno de seu sol.
Situado a 3,5 milhões de quilômetros da estrela, é o planeta com
período orbital mais curto já descoberto -e apenas o terceiro a
ser identificado pelo trânsito, de
um total de 102 já descobertos.
Pelo método do trânsito, a presença do planeta é denunciada
quando ele passa à frente da estrela, diminuindo seu brilho.
O fato de estar tão próximo de
sua estrela é inesperado; os cientistas em geral calculam que planetas gigantes perdem boa parte
de seu invólucro gasoso conforme
migram para mais perto da estrela central. "O sistema não é tão incomum, uma vez que muitos planetas gigantes já foram encontrados em órbitas próximas em torno de suas estrelas, mas este ainda
é próximo e quente, o que é raro",
diz Sonja Schuh, da Universidade
Tübingen, na Alemanha, uma das
autoras do estudo. "Em todo caso,
o planeta obviamente ainda está
lá, apesar dos fortes efeitos de evaporação."
O estudo é uma das muitas continuações de uma pesquisa realizada no ano passado por um grupo de astrônomos poloneses que
encontrou cerca de 40 potenciais
planetas girando em torno de estrelas distantes. "O trabalho daquele grupo que levantou os candidatos planetários é a base da
nossa pesquisa subsequente, assim como a de outros grupos", revela Schuh. "Estamos verificando
quais deles realmente são planetas, da lista total de candidatos."
O artigo com os dados sobre o
novo planeta, que tem cerca de
metade da massa de Júpiter, mas
quase o mesmo diâmetro do
maior planeta do Sistema Solar
(provavelmente com sua atmosfera expandida em razão da alta
proximidade com a estrela), foi
publicado na revista científica
"Astronomy & Astrophysics".
Os astrônomos estimam que a
temperatura da superfície, na face
voltada para a estrela, deva atingir
os 2.000C. Agora, Schuh diz que
ela e seus colegas tentarão desvendar mais informações -o que
não será uma tarefa fácil. "Nós, é
claro, vamos nos esforçar para
descobrir mais sobre o sistema
num futuro próximo, mas estudos da composição atmosférica
em particular não serão possíveis
imediatamente em razão do pouco brilho do objeto."
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