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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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ASTRONOMIA

Objeto localizado fora do Sistema Solar tem menor órbita já vista

Novo planeta tem ano de 28 horas

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Num mundo distante e estranho, um ano inteiro se resume a pouco mais de 28 horas. Poderia esse até ser o início de um bizarro conto de ficção científica, mas é o que um grupo de pesquisadores alemães acaba de descobrir: um planeta localizado fora do Sistema Solar que leva pouco mais de um dia terrestre para completar uma volta em torno de seu sol.
Situado a 3,5 milhões de quilômetros da estrela, é o planeta com período orbital mais curto já descoberto -e apenas o terceiro a ser identificado pelo trânsito, de um total de 102 já descobertos.
Pelo método do trânsito, a presença do planeta é denunciada quando ele passa à frente da estrela, diminuindo seu brilho.
O fato de estar tão próximo de sua estrela é inesperado; os cientistas em geral calculam que planetas gigantes perdem boa parte de seu invólucro gasoso conforme migram para mais perto da estrela central. "O sistema não é tão incomum, uma vez que muitos planetas gigantes já foram encontrados em órbitas próximas em torno de suas estrelas, mas este ainda é próximo e quente, o que é raro", diz Sonja Schuh, da Universidade Tübingen, na Alemanha, uma das autoras do estudo. "Em todo caso, o planeta obviamente ainda está lá, apesar dos fortes efeitos de evaporação."
O estudo é uma das muitas continuações de uma pesquisa realizada no ano passado por um grupo de astrônomos poloneses que encontrou cerca de 40 potenciais planetas girando em torno de estrelas distantes. "O trabalho daquele grupo que levantou os candidatos planetários é a base da nossa pesquisa subsequente, assim como a de outros grupos", revela Schuh. "Estamos verificando quais deles realmente são planetas, da lista total de candidatos."
O artigo com os dados sobre o novo planeta, que tem cerca de metade da massa de Júpiter, mas quase o mesmo diâmetro do maior planeta do Sistema Solar (provavelmente com sua atmosfera expandida em razão da alta proximidade com a estrela), foi publicado na revista científica "Astronomy & Astrophysics".
Os astrônomos estimam que a temperatura da superfície, na face voltada para a estrela, deva atingir os 2.000C. Agora, Schuh diz que ela e seus colegas tentarão desvendar mais informações -o que não será uma tarefa fácil. "Nós, é claro, vamos nos esforçar para descobrir mais sobre o sistema num futuro próximo, mas estudos da composição atmosférica em particular não serão possíveis imediatamente em razão do pouco brilho do objeto."


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