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ASTRONOMIA
Descoberta encerra uma polêmica de sete anos
Estrela gigante tem companheira escondida, confirmam brasileiros
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Agora dá para dizer: a estrela
mais maciça da Via Láctea são
duas. A constatação é de uma dupla de pesquisadores brasileiros.
Coletando dados num modesto
observatório em Minas Gerais,
eles acabam encerrar uma polêmica de sete anos para definir
quantos astros há em Eta Carinae.
Os dados foram obtidos no Observatório Pico dos Dias, do Laboratório Nacional de Astrofísica,
em Brazópolis. Pela primeira vez,
os astrônomos conseguiram detectar a "assinatura" de átomos de
hélio ionizados na luz proveniente daquele objeto. "A importância
desse sinal, ainda que fraco, é que
ele precisa de uma fonte muito
energética para ser produzido, o
que a estrela visível em Eta Carinae não é capaz de produzir", diz
Augusto Damineli, cientista do
IAG (Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP e co-autor do estudo,
a ser publicado no "Astrophysical
Journal Letters" (www.journals.uchicago.edu/ApJ).
Damineli realizou a pesquisa
em parceria com João Steiner, no
que está se tornando uma especialidade brasileira. "Com ele, já
são 11 pesquisadores do IAG que
publicam algo sobre Eta Carinae."
E foi o próprio Damineli quem
deu o pontapé inicial na polêmica, propondo a hipótese de que a
estrela é binária. Foi a explicação
que ele encontrou, em 1997, para
um estranho fenômeno observado no objeto -ele sofria "apagões" periódicos. O brasileiro calculou que esses apagões deveriam
ocorrer a cada 5,5 anos, por ocasião da passagem de uma das estrelas na frente da outra, com relação à Terra. Mas nem todo mundo recebeu bem a hipótese.
Kris Davidson, astrônomo da
Universidade de Minnesota
(EUA) e outro grande estudioso
de Eta Carinae, tinha um modelo
alternativo para explicar os apagões. No ano passado, os dois resolveram reunir forças e requisitar tempo de observação no Telescópio Espacial Hubble. "Os dados do Hubble vão levar décadas
para serem processados, pois são
muito complexos", diz Damineli.
A hipótese da estrela binária já
havia recebido um empurrão em
2003, quando mais um apagão da
estrela aconteceu, exatamente como previsto por Damineli.
Embora Eta Carinae nem esteja
tão longe assim (cerca de 8.000
anos-luz), é impossível observar
com clareza os objetos em seu interior -uma imensa nuvem de
gás e poeira os envolve.
Agora, a "assinatura" do hélio
parece encerrar a questão sobre
quantas estrelas há ali. A ionização (perda ou ganho de elétrons
pelos átomos) observada pelos
cientistas só poderia ser produzida por uma estrela companheira.
Além de confirmar sua natureza
binária, a detecção dos traços de
hélio permitiu determinar a órbita exata de uma estrela ao redor
da outra. Também foi possível
confirmar que a estrela está na fase final de sua vida. Em breve (na
escala de tempo astronômica), ela
deve se tornar uma hipernova,
numa explosão como a humanidade nunca viu na Via Láctea.
Juntas, as duas estrelas têm uma
massa estimada ao redor de cem
vezes a do Sol. O futuro da pesquisa, segundo Damineli, é determinar o tamanho exato das duas.
Hubble
A Nasa não deve descartar o envio de uma missão para consertar
o telescópio Hubble, afirmou um
painel de especialistas constituído
pela agência espacial americana.
"A Nasa não deve realizar ações
que excluam uma viagem do ônibus espacial ao Telescópio Espacial Hubble", disse o chefe do painel, Louis Lanzerotti, ao diretor
da agência, Sean O'Keefe.
Sem reparos, o Hubble deve perder sua capacidade
operacional em 2007 ou 2008.
Com Reuters
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