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Ministério propõe cortar até 40% do CO2
Cálculo foi feito para 2020 em relação à tendência atual das emissões brasileiras e baseará proposta para Copenhague
Proposta levada a Lula por
Carlos Minc considera um
crescimento econômico de
4% ao ano; redução incluiria
desmatamento e energia
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Carlos Minc
(Meio Ambiente) apresentou
ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma proposta
de reduzir em até 40% as emissões totais de gás carbônico do
Brasil em 2020 em relação à
tendência atual do país, sem
prejudicar um crescimento
médio nacional de 4% ao ano.
Esta deve ser a parte fundamental do "desvio significativo" da trajetória de emissões do
país, que Lula prometeu na
ONU que defenderia na conferência do clima de Copenhague, em dezembro.
Se encampada pelo Planalto,
a proposta do Meio Ambiente
equivalerá à meta brasileira
contra o aquecimento global, e
traria as emissões em 2020 de
volta aos níveis de 1990.
"Metade desse corte [20%]
poderá ser conseguido com
uma redução de 80% no desmatamento da Amazônia até
lá", disse à Folha Suzana Kahn
Ribeiro, secretária de mudanças climáticas do MMA (Ministério do Meio Ambiente).
Os outros 20% viriam do
controle do desmatamento de
outros biomas, como o cerrado
e a caatinga, e com uma renovação ainda maior da matriz
energética nacional.
Caso nada seja efeito, daqui a
11 anos o Brasil estará lançando
na atmosfera 2,8 bilhões de toneladas de gás carbônico.
A proposta de redução, porém, dependeria de um financiamento anual de cerca de
US$ 10 bilhões, o que viria de
de países desenvolvidos.
"Não podemos aceitar que
coloquem nos países em desenvolvimento o peso sobre a
redução da emissão de gases",
disse Carlos Minc.
Na reunião de ontem com
Lula, a proposta de Minc foi
uma das três apresentadas. O
Ministério de Ciência e Tecnologia e o Fórum Brasileiro de
Mudanças Climáticas também
levaram suas ideias ao presidente, que sugeriu um consenso até o próximo dia 20.
O Itamaraty também participou da reunião de ontem. No
entanto, somente o MMA trouxe números à mesa.
Diante do que foi apresentado em Brasília ontem, dois problemas iniciais surgem.
O real controle sobre o desmatamento é um deles. A implantação de políticas públicas
eficientes para que a outra parte do corte sugerido ontem seja
alcançado é outro gargalo.
O Brasil não tem um sistema
eficiente de monitoramento da
derrubada de outros biomas.
No setor energético, também, a
tendência recente tem sido a
entrada em operação de usinas
termelétricas, que sujaram em
30% a matriz energética nacional entre 1994 e 2007.
Efeito Marina
Presente à reunião, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)
fez pelo menos dois pedidos aos
representantes dos ministérios. Que novos cálculos fossem
feitos com uma taxa de crescimento anual maior, de até 6%, e
que a política da construção de
hidrelétricas fosse ainda mais
fortalecida -cobrando de Minc
agilidade nos licenciamentos.
O problema desse último desejo da ministra, como sabem
os próprios representantes do
MMA, é que grandes obras na
região amazônica nem sempre
primam pela preservação ambiental. "Mas isso é uma questão que precisa ser equacionada", diz Tasso Azevedo, consultor do MMA que montou os cenários apresentados.
Segundo relato de pessoas
presentes à reunião, Dilma se
espantou ao saber que o Brasil
emite mais CO2 que o Japão.
Pré-candidata à Presidência
da República, a ministra diz
que irá a Copenhague, onde sua
rival política, Marina Silva, é
presença garantida.
Com o tema ambiental na
agenda para a eleição de 2010,
Lula também tem dado atenção especial ao clima. Ontem o
presidente tratou do assunto
ao telefone com Barack Obama, a quem telefonou para parabenizar pelo Nobel da Paz.
Lula e Obama se comprometeram a colocar em contato as
equipes técnicas dos países
nestas semanas que antecedem
a conferência.
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