São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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Nasa faz primeira observação clara de água no solo lunar

Sonda que se espatifou contra o satélite levantou 100 litros do líquido; quantidade alta deixou os cientistas surpresos

Descoberta que responde a uma questão aberta desde 1961 reacende interesse científico e pode estimular volta de missões tripuladas


DA REPORTAGEM LOCAL

Confirmado: existe água na Lua -e muita. No mês passado, a sonda Lcross, da Nasa, se chocou de propósito contra o satélite, e resultados divulgados ontem sobre a missão mostram que a espaçonave-robô "se molhou" no impacto. É a primeira observação direta da substância no satélite natural da Terra, em forma de gelo.
"Esta não é mais a Lua da época do seu pai", disse Greg Delory, astrônomo da Universidade da Califórnia. "Em vez de um mundo morto e imutável, a Lua pode ser um lugar dinâmico e interessante."
A água encontrada pela Lcross fica no fundo da cratera Cabeus no polo sul da Lua, onde a luz do Sol nunca bate, uma região bastante fria.
A Lcross, ao trombar contra a superfície, fez um buraco de pelo menos 20 metros de diâmetro e levantou quase 100 litros d'água. Foi um "gran finale": a descoberta fecha um capítulo complicado na história da ciência lunar.
Os cientistas ainda terão muito trabalho, entretanto. O gelo lunar está lá há bilhões de anos. Pode ser encarado como um registro da história do Universo. Ou seja, uma nova área de estudo pode estar surgindo.
Além disso, a descoberta mostra que, em um futuro ainda muito distante, existiria água para ser utilizada para abastecer postos avançados da humanidade no satélite.

Pistas preliminares
A primeira sugestão de que poderia existir água nos polos lunares apareceu em 1961, mas era pura especulação.
Cientistas do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) perceberam na época que, no fundo de algumas crateras, o Sol nunca batia. Imaginaram, então, que o frio intenso permitiria que a água ficasse intacta e congelada por ali, sem sublimar. Os cientistas, também já estimaram qual seria a temperatura desses lugares: menos de 200 graus Celsius negativos.
A primeira evidência de que os pesquisadores poderiam estar certos só veio em 1994. Ondas de rádio foram enviadas em direção às crateras. Elas refletiram, voltaram e foram analisadas. Tinham características que levaram alguns cientistas a acreditar que algo parecido com água as tinha refletido na superfície lunar.

Acelerando
A busca por água só se acelerou, entretanto, a partir de 2005, quando resultados, ainda que inconclusivos, de ondas magnéticas, voltaram a surgir.
Desde o ano passado, os resultados começaram a surgir rapidamente. Em setembro deste ano, pesquisadores que analisaram dados antigos de três sondas, uma indiana e duas americanas, detectaram sinais de água na superfície lunar. Elas começaram a conseguir resultados mais precisos observando o comprimento de onda emitido pela água.
A primeira confirmação direta da existência de água na Lua, porém, só apareceu agora com a divulgação dos resultados da missão da Lcross em Cabeus.
A sonda custou US$ 79 milhões e tinha sido lançada em junho deste ano com o objetivo específico de procurar água nas crateras lunares.
"Nós estamos desvendando os mistérios do nosso vizinho mais próximo e, por extensão, do Sistema Solar", diz Michael Wargo, astrônomo da Nasa, em comunicado à imprensa. "A Lua tem muitos segredos. A sonda Lcross adicionou uma nova camada aos nossos conhecimentos", continua.

Com agências internacionais



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