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Brasil testa gel anti-HIV derivado de alga marinha
Composto teve 95% de eficiência em barrar replicação do vírus em teste in vitro
Substância desenvolvida
por grupo do RJ será o 1º
gel preservativo nacional
e poderá chegar ao mercado
em sete anos, diz cientista
Reprodução
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Imagem microscopia eletrônica mostra partículas do HIV |
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O vírus HIV deverá ter um
novo inimigo no Brasil nos próximos anos. Ele vem do mar,
mais precisamente de uma espécie de alga (Dictyota pfaffii),
que vive no litoral brasileiro.
Pesquisadores do IOC (Instituto Oswaldo Cruz), da UFF
(Universidade Federal Fluminense) e da Fundação Ataulpho de Paiva começam no mês
que vem a segunda fase de testes de um gel microbicida, feito
de uma substância isolada da
alga e destinado a impedir a
transmissão sexual do parasita.
"Nesta fase pré-clínica, que
vai começar, vamos fazer testes
em camundongos e em células
também vivas do colo do útero"
disse à Folha o imunologista
Luiz Castello Branco, coordenador do estudo.
Na fase inicial do projeto, feita durante os três últimos anos,
a eficiência do medicamento
foi de 95%. "Vamos, com certeza, chegar ao produto final com
uma eficiência superior a dos
50%", garante Castello Branco.
Segundo o pesquisador, estudos feitos na África mostram
que um produto com uma eficiência de 30% já seria suficiente para baixar em 40% o
número de casos no continente
mais afetado pela Aids.
A barreira físico-química
criada pelo gel, diz Castello
Branco, será muito importante
em termos de saúde pública. "A
mulher poderá usar esse método mesmo sem o homem saber.
É normal que maridos promíscuos não queiram usar preservativo durante as relações sexuais com suas mulheres."
A expectativa da equipe de
cientistas é que essa nova fase
de testes termine até o fim do
ano. Os experimentos em humanos começariam em 2008.
"Agora já vamos testar a segurança do produto, e também a
dosagem ideal", explica o pesquisador do IOC.
Incógnitas
Na fase clínica é que são estudados também os efeitos colaterais do medicamento. Outra
pergunta ainda sem resposta é
qual o período de proteção a ser
garantido pelo gel preservativo.
Segundo o coordenador do
estudo, esse microbicida é apenas o primeiro de origem nacional que será testado nas fases pré-clínica e clínica. "Já temos um outro, nos mesmos
moldes, que vai começar a ser
avaliado nos próximos meses.
Nossa intenção é criar um centro de teste de microbicidas
aqui", afirmou.
Apesar de o projeto ser único
no Brasil, o desenvolvimento
de um gel para a prevenção da
Aids já vem sendo feito, por
mais tempo, em laboratórios
localizado nos Estados Unidos
e na Europa. "O que estamos
desenvolvendo será o primeiro
inteiramente nacional."
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