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Pane impede nave de coletar dados de lua
Instrumento crucial falhou durante sobrevôo de pluma de gelo e gás lançada pelos gêiseres de Encélado
Nasa
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Imagem feita pela Cassini no sobrevôo de quarta-feira mostra crateras no norte de Encélado |
DA REDAÇÃO
Um defeito de software impediu que um instrumento-chave da sonda Cassini coletasse dados durante a passagem
por uma pluma expelida por
gêiseres em uma lua de Saturno, afirmou a Nasa (agência espacial americana).
A Nasa minimizou o problema, chamando-o de um "soluço
inexplicado de software". Mas a
pane impediu o analisador de
poeira cósmica (CDA, na sigla
em inglês) da Cassini de operar
durante cerca de duas horas,
enquanto a sonda sobrevoava o
satélite Encélado.
Um dos principais objetivos
do sobrevôo era justamente
analisar o tamanho, a composição, a densidade e a velocidade
das partículas de gelo e poeira
que a atividade no pólo Sul de
Encélado lança no espaço. Para
isso o CDA era fundamental.
O gerente do programa Cassini, Bob Mitchell, disse que o
instrumento não coletou dado
algum enquanto a Cassini sobrevoava a pluma dos gêiseres,
processo que durou menos de
um minuto. "Nós havíamos testado o software com muito cuidado. Não sabemos por que não
funcionou direito."
O cientista responsável pelo
CDA, o alemão Sascha Kempf,
disse à Folha que o que aconteceu não foi "exatamente uma
pane". Segundo ele, o que os
cientistas tentaram fazer foi
executar um comando que aumentasse em 50% a eficiência
da transferência dos dados do
analisador, para que o pessoal
na Terra tivesse o máximo possível de informação sobre as
partículas coletadas na pluma.
"Dessa vez, no entanto, a
execução do comando interferiu na atividade da espaçonave", contou. O instrumento foi
forçado a interromper a transferência de dados, e aí "deu
pau". "Devido a essa seqüência
de eventos altamente improvável, nós não registramos dados
do sobrevôo", disse Kempf.
Segundo a Nasa, os outros
instrumentos a bordo da Cassini funcionaram direito e coletaram todos os dados que precisavam coletar. A agência disse que eles ajudarão a elucidar
"o ambiente da pluma de Encélado". Além disso, durante sua
aproximação máxima -a sonda chegou a 52 quilômetros da
superfície de Encélado-, ela
obteve a fotografia mais próxima já feita do norte da lua.
Foi um sucesso agridoce, no
entanto, já que todo o planejamento da missão -que envolvia riscos- visava analisar as
partículas da pluma.
Essa atividade geológica, detectada pela primeira vez em
2005, era inesperada num corpo celeste tão pequeno (com
apenas 500 km de diâmetro).
Os gêiseres, que lançam gelo,
gás e pó a mais de 700 km de altitude, devem ser produzidos
por uma fonte de água quente
debaixo da crosta de gelo da
lua. A presença de água líquida
abre a possibilidade da existência de micróbios em Encélado.
Kempf não se dá por derrotado pela pane: ele diz esperar repetir a medição em agosto,
quando a Cassini fará outro sobrevôo da lua misteriosa.
Com Reuters
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