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opinião
Novo acordo é um embrião de gestação difícil
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mentalidades custam a
mudar, e preconceitos são
difíceis de aniquilar. No caso
brasileiro, a relação entre
universidades e institutos de
pesquisa públicos com a iniciativa privada é um excelente exemplo de mudança ainda incipiente. O acordo divulgado ontem entre a empresa Recepta e instituições
de pesquisa daqui e do exterior é um embrião que costuma ser de gestação difícil.
Como bem lembrou o ministro Sergio Rezende, da
Ciência e Tecnologia, "o pesquisador que fosse trabalhar
com empresa era execrado" e
só na década de 1990 que a
atitude começou a mudar.
Este preconceito vive de
duas fontes curiosamente
contraditórias: por um lado,
o culto da academia como
uma torre de marfim dedicada ao conhecimento "puro",
por outro, o culto da ciência
voltada exclusivamente para
ação social, "de esquerda".
Por isso, foi saudável ver o
ministro do governo petista
ao lado do secretário de saúde tucano de São Paulo elogiarem a mesma iniciativa.
É uma situação em que todos ganham. A empresa pode
até ter o seu "pecaminoso"
lucro um dia, mas terá contribuído na pesquisa em instituições públicas. Com isso,
muda também a visão sobre
o pesquisador que divulga
ciência, antes execrado, tachado de charlatão ou cabotino, como costumava lembrar o jornalista e cientista
José Reis (1907-2002), decano divulgador desta Folha.
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