São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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opinião

Novo acordo é um embrião de gestação difícil

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mentalidades custam a mudar, e preconceitos são difíceis de aniquilar. No caso brasileiro, a relação entre universidades e institutos de pesquisa públicos com a iniciativa privada é um excelente exemplo de mudança ainda incipiente. O acordo divulgado ontem entre a empresa Recepta e instituições de pesquisa daqui e do exterior é um embrião que costuma ser de gestação difícil.
Como bem lembrou o ministro Sergio Rezende, da Ciência e Tecnologia, "o pesquisador que fosse trabalhar com empresa era execrado" e só na década de 1990 que a atitude começou a mudar.
Este preconceito vive de duas fontes curiosamente contraditórias: por um lado, o culto da academia como uma torre de marfim dedicada ao conhecimento "puro", por outro, o culto da ciência voltada exclusivamente para ação social, "de esquerda".
Por isso, foi saudável ver o ministro do governo petista ao lado do secretário de saúde tucano de São Paulo elogiarem a mesma iniciativa.
É uma situação em que todos ganham. A empresa pode até ter o seu "pecaminoso" lucro um dia, mas terá contribuído na pesquisa em instituições públicas. Com isso, muda também a visão sobre o pesquisador que divulga ciência, antes execrado, tachado de charlatão ou cabotino, como costumava lembrar o jornalista e cientista José Reis (1907-2002), decano divulgador desta Folha.


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