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Macaca nos EUA faz robô andar no Japão usando só a força do pensamento
Masafumi Yamamoto/"The New York Times"
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Especialista em laboratório em Kyoto, Japão, apronta robô que andou guiado por macaco |
DA REDAÇÃO
Uma macaca de 80 centímetros e três quilos conseguiu fazer um robô de 80 quilos e um
metro e meio de altura andar
usando apenas a força do pensamento na última quinta-feira. Detalhe: a macaca, Idoya,
estava em um laboratório na
Carolina do Norte, EUA, e o
robô estava no Japão.
O experimento, noticiado
ontem pelo jornal "The New
York Times", é mais uma peripécia da equipe do neurocientista paulistano Miguel Nicolelis, da Universidade Duke. É
a primeira vez que um sinal
cerebral é usado para fazer um
robô andar.
Nicolelis e seus colegas já
haviam demonstrado em experimentos anteriores como
um macaco com eletrodos implantados no seu cérebro era
capaz de controlar um braço
robótico. Em um outro experimento, ele fez o que chamou
de "fechar o circuito": um
computador fez um macaco
jogar videogame.
Os experimentos são avanços na criação de uma interface entre cérebro e máquina
que permita a pacientes paralisados andar ou se movimentar guiando membros mecânicos apenas por meio de ondas
cerebrais. Em resumo, o que
Nicolelis pretende é criar um
ciborgue. "Quando a pessoa
pensar em andar, o andar
acontece", declarou o cientista
ao "New York Times".
O novo experimento é um
avanço importante em relação
aos anteriores porque os circuitos neurais envolvidos no
movimento das pernas são
mais complexos que os dos
braços. Em novembro, no entanto, Nicolelis havia dito à
Folha que conseguira demonstrar que os mesmos
princípios se aplicam a ambos.
Idoya primeiro foi treinada
a andar sobre uma esteira durante dois meses. Durante o
treinamento, eletrodos foram
implantados na chamada
"área da perna" da macaca, um
conjunto de cerca de 300 neurônios que entravam em atividade quando ela andava. Alguns disparavam sinais elétricos (a forma como essas células se ativam) quando seu tornozelo, seu joelho e suas articulações da bacia se moviam.
Outros, quando seus pés tocavam o chão. Outros, ainda, em
antecipação a seus movimentos, afirmou o jornal.
Na quinta-feira, os cientistas coletaram os sinais de atividade cerebral, converteram-nos em um formato que um
computador fosse capaz de ler.
Esse registro permitia antecipar os movimentos da macaca
com 90% de precisão, de três a
quatro segundos antes de ela
se mexer. Os sinais foram enviados por uma conexão de internet de alta velocidade a
Kyoto, Japão. Enquanto Idoya
andava na esteira, o computador do outro lado do mundo
traduzia as "ordens" do cérebro de Idoya ao robô CB, um
humanóide articulado.
"É um pequeno passo para
um robô, e um salto gigantesco para um primata", brincou
Nicolelis durante o teste.
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