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Líderes recuam e atrasam elaboração de acordo do clima
Encontro em Copenhague, no próximo mês, deve produzir uma declaração de intenções e não um tratado compulsório
Barack Obama e premiê da Dinamarca, anfitrião da conferência climática da ONU, anunciaram decisão ontem em encontro na Ásia
Barbara Walton/Efe
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Os presidentes Barack Obama (esq.), dos EUA, e Hu Jintao, da China (dir.), em Cingapura
DO "NEW YORK TIMES"
O presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, e outros líderes globais decidiram
adiar a difícil tarefa de alcançar
um acordo para o clima. Ou seja, a conferência da ONU sobre
o assunto, no próximo mês em
Copenhague, deve agora resultar apenas em uma declaração
"politicamente vinculante", algo pouco específico e não obrigatório, deixando os pontos
mais difíceis para mais tarde.
Ontem, num café da manhã
arranjado de última hora durante o encontro da Apec (sigla
em inglês para Cooperação
Econômica Ásia-Pacífico), em
Cingapura, os líderes, incluindo Lars Rasmussen, premiê da
Dinamarca e anfitrião da conferência do clima, concordaram que, para salvar o encontro
de Copenhague, eles teriam
que jogar um acordo legalmente compulsório para um encontro futuro -possivelmente a
conferência do clima da Cidade
do México, em dezembro do
próximo ano.
"Existe uma avaliação entre
os líderes de que não é realista
esperar que um acordo completo, legalmente obrigatório,
seja negociado entre agora e
Copenhague, que começa em
22 dias", disse Michael Froman, assessor de economia dos
Estados Unidos.
"Não acho que as negociações tenham caminhado de forma que qualquer um dos líderes acreditasse que nós fôssemos alcançar um acordo final
em Copenhague."
Tragédia anunciada
Com o relógio correndo rápido e com profundas discórdias
sem resolução, pareceu, por vários meses, cada vez mais difícil
que as negociações de Copenhague fossem produzir um
tratado novo, abrangente e
compulsório sobre o aquecimento global, como os seus organizadores esperavam.
O objetivo do novo acordo é
ampliar o Protocolo de Kyoto,
cujo primeiro período de compromisso expira em 2012, e ao
mesmo tempo incluir ações
mais substanciais de corte de
emissões por parte dos Estados
Unidos e dos países emergentes, como o Brasil.
A decisão de ontem sedimenta algo que os negociadores já
tinham aceitado como inevitável: os representantes das 192
nações não se entenderiam a
tempo. O abismo entre os países ricos e pobres, e mesmo entre os ricos, era simplesmente
grande demais.
Entre as principais barreiras
para um acordo abrangente em
Copenhague no próximo mês
está a incapacidade do Congresso americano de promulgar uma legislação que apontasse metas obrigatórias de
corte de gases-estufa no país.
Sem tal comprometimento
por parte dos Estados Unidos, o
maior poluidor histórico, todos
os outros países, ricos e pobres,
ficam avessos a fazer suas próprias promessas de redução de
emissões de gases-estufa.
Membros do governo americano e líderes no Congresso vinham dizendo que leis sobre o
clima não sairiam antes do primeiro semestre de 2010.
A decisão da Apec foi muito
criticada por ambientalistas.
"O premiê dinamarquês Rasmussen tornou-se cúmplice do
chamado "acordo" americano,
que colocaria as dificuldades
políticas de Obama acima da
sobrevivência dos países mais
vulneráveis do mundo", disse
Kaisa Kosonen, conselheira de
política de clima do Greenpeace, na véspera de uma reunião
ministerial hoje em Copenhague que deveria preparar o terreno para a cúpula de dezembro. Ela questionou se outros
líderes europeus sabiam da decisão tomada na Apec.
A ONG WWF disse que os líderes "perderam uma grande
oportunidade de se aproximar
de um acordo justo, ambicioso
e compulsório" em Copenhague e que "isso não parece ser
uma estratégia inteligente"
contra a mudança climática.
Com agências internacionais
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