São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

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Bush propõe que emissão de CO2 dos EUA pare de crescer em 2025

Proposta não oferece medidas para atingir a meta e foi criticada por especialistas

DA REDAÇÃO

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, propôs ontem que as emissões americanas de gás carbônico parem de crescer no ano 2025, na proposta mais contundente já feita por ele para combater o aquecimento global.
O discurso vem no momento em que Bush se esforça para limpar a própria biografia na área ambiental-foi o homem que rejeitou o Protocolo de Kyoto e passou anos negando a mudança climática. E no qual a pressão política sobre o tema é máxima, dentro e fora do país.
Os três candidatos à sua sucessão, incluindo o republicano John McCain, defendem cortes obrigatórios e ambiciosos de emissões do país. O Congresso americano prepara uma lei que imporá metas de poluição e um esquema de comércio de emissões de CO2, principal gás-estufa. E os países que o próprio Bush convocou no ano passado para debater o tema, no chamado grupo das Grandes Economias, têm cobrado dos EUA alguma proposta concreta antes da reunião do grupo que acontece hoje em Paris.
"Hoje eu estou anunciando um novo objetivo nacional: parar o crescimento das emissões de gases-estufa dos Estados Unidos em 2025", disse Bush,
Para isso, os EUA terão um plano nacional que "será uma mistura de incentivos e regulações para reduzir emissões ao estimular tecnologias de energia limpas e eficientes".
No entanto, mais uma vez Bush condicionou a ação americana a esforços por parte de outros países, como Índia e China, e apresentou apenas medidas pontuais para atingir o objetivo anunciado -tais como uma lei para aumentar a eficiência dos carros.
Também mostrou preocupação com "a maneira errada" de o Congresso atacar o problema, que seria aumentar impostos e exigir "cortes de emissão dramáticos e repentinos".
A proposta foi imediatamente criticada por ambientalistas, por políticos democratas e por analistas de política de clima.
"A proposta anunciada pelo presidente Bush hoje é um passo atrás na política climática dos EUA", disse Eileen Claussen, presidente do Pew Center on Global Climate Change. "Em 2002 a administração havia proposto um plano que permitia que nossas emissões crescessem até 2012. A proposta atual permitirá que cresçam até 2025", afirmou. "A boa notícia é que [a proposta] é irrelevante, porque esta administração só tem mais nove meses."
A pré-candidata democrata à sucessão Hillary Clinton também criticou o anúncio. "Agora que a administração foi forçada a reconhecer que o aquecimento global é um problema, eles apresentaram uma proposta que parece ter sido escrita pela força-tarefa de energia de Dick Cheney", ironizou, em referência às ligações do vice de Bush com a indústria do petróleo.


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