São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

+ chave sináptica

Os ISRS (inibidores seletivos de recaptação de serotonina) formam uma classe de antidepressivos que atua com a tarefa específica de aumentar a quantidade do neurotransmissor (mensageiro químico) serotonina nas sinapses, o espaço entre as células do cérebro.
Um impulso nervoso é passado de uma célula para outra com a ajuda de certos neurotransmissores, entre eles a serotonina, liberados pela célula de origem do sinal. Cerca de 10% dos neurotransmissores se perdem no processo, mas 90% são reabsorvidos.
Uma das causas da depressão seria a falta de ação do neurônio receptor. Para estimular a transferência dos sinais, os ISRS mantêm a serotonina no espaço entre os neurônios por mais tempo. As substâncias geram um efeito terapêutico ao se grudarem nas membranas do neurônio transmissor e impedirem que a serotonina volte rapidamente para seu local de origem e seja degradada ou reciclada.
O neurotransmissor não pode ser ministrado diretamente -em comprimidos, por exemplo- porque não atravessa os vasos sangüíneos para agir entre as células nervosas. Além disso, enquanto os ISRS apenas amplificam um sinal já presente, porém fraco demais para ser mantido no cérebro, a serotonina pura poderia forçar conexões que não existem.
Diferentemente de outras classes de antidepressivos, descobertos ao acaso, os inibidores de reabsorção de serotonina foram projetados em laboratório considerando as causas biológicas conhecidas da depressão.Eles são prescritos em doses orais e usados no tratamento de outras doenças, como ansiedade, transtorno bipolar e anorexia.
Alguns dos principais compostos que formam a classe são a fluoxetina, a paroxetina e a sertralina. Eles agem de forma parecida, mas em regiões diferentes do cérebro. Segundo Sheila Assunção, gerente médica de neurociência da Eli Lilly, os efeitos colaterais são causados quando as moléculas se grudam nas células erradas. O medicamento é descrito como "seletivo" porque é feito para atingir apenas as regiões onde a absorção da serotonina deve ser retardada, como chaves.
De acordo com o psiquiatra David Healy, o primeiro ISRS foi criado no fim da década de 1960, quando três pesquisadores, Arvid Carlsson (que ganhou o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2000), Hanns Corrodi e Peder Berndtsson, que trabalhavam para a Astra em Hässle, na Suécia, modificaram a molécula do anti-histamínico clorfeniramina. O resultado, o componente H102-09, foi nomeado zimeldina e seu registro foi aceito em março de 1972, como Zelmid, na Suécia e no Reino Unido. O Prozac, apesar da fama, foi patenteado apenas em 1974.


Texto Anterior: Marketing influencia prescrição, diz especialista
Próximo Texto: + Brasil segue FDA
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.