São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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+ Brasil segue FDA

O Brasil tradicionalmente acompanha as recomendações da FDA, o órgão norte-americano que regula remédios e alimentos. Segundo Murilo Freitas Dias, chefe da unidade de farmacovigilância da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), todo medicamento que sofre modificações em sua bula no país de origem precisa implementar as mesmas mudanças no Brasil o mais rapidamente possível, com um prazo máximo de 90 dias.
Na prática, as recomendações que serão feitas nas bulas americanas sobre a prescrição dos ISRS para crianças devem ser vistas no país até o fim deste ano.
Mas a Anvisa não prevê a implantação da tarja preta nas caixas com um aviso do perigo representado a jovens -outra exigência da FDA. "Qualquer modificação referente à cartonagem precisa passar por um grupo de estudo, pois já tivemos problemas no passado com modificações nas caixas", afirma Dias. Ele se refere a imagens de grávidas, com um tarja sobre a foto, em caixas de talidomida, remédio que fora usado no Brasil contra a hanseníase. A má interpretação levou mulheres a consumir o medicamento como abortivo, o que gerou o nascimento de diversas crianças com malformações.
A Anvisa disponibiliza na internet (www.anvisa.gov.br/farmacovigilancia/alerta/index.htm) o alerta gerado pelo FDA, que deve ser transmitido para associações e conselhos regionais de medicina. Por enquanto, não há a intenção de formar um painel de especialistas para discutir o assunto. "Se a Anvisa decidir que é necessário, reunirá uma comissão técnica para investigar o assunto, que tem um prazo médio de duas semanas para tomar uma decisão sobre o medicamento", explica Dias.
O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Marco Antonio Alves Brasil, disse que pretende lançar uma comunicação para os associados com o resultado das discussões sobre os ISRS realizadas nos outros países.
O coordenador do departamento de infância e adolescência da associação, Lucio Simões de Lima, afirma que haverá poucas mudanças na prescrição de antidepressivos para jovens no país. Ele justifica que o composto mais consumido é a fluoxetina, que não mostrou promoção de comportamentos e pensamentos suicidas entre os pacientes. "Não acredito que os pais queiram retirar o medicamento dos filhos, até porque raramente eles chegam no consultório pedindo uma prescrição de antidepressivos", diz Lima.
Caso os pais e o próprio paciente tenham dúvidas em relação ao tratamento, devem procurar um médico de confiança, lembra Brasil.


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