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COPENHAGUE 2009
País prevê US$ 166 bi para cortar CO2
Conta apresentada por Dilma Rousseff não inclui gastos para reduzir desmatamento no cerrado
Parcela menos cara do plano
é a que envolve diminuir o
desmate na Amazônia;
peso maior cabe a obras
de porte, como hidrelétricas
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A COPENHAGUE
Sem contar os gastos com a
redução do ritmo do desmatamento do cerrado, o governo
estima em US$ 166 bilhões o
custo, em dez anos, para cortar
as emissões de gases-estufa no
Brasil entre 36% e 39% do volume estimado para 2020.
O custo aproximado para tirar do papel as metas propostas
em novembro, anunciado ontem, equivale a apenas um ano
do financiamento necessário
para combater a mudança climática no mundo, o qual deve
vir de um fundo global. O Brasil
apoia o fundo e o vê como único
resultado viável da conferência
do clima em Copenhague.
O número foi apresentado
pela ministra Dilma Rousseff.
Ela insistiu que o Brasil espera
contar com financiamento externo para reduzir as emissões
de gases responsáveis pelo
aquecimento global.
Conta salgada
As metas consumiriam, por
ano, mais da metade do dinheiro arrecadado com impostos e
destinados aos investimentos
públicos, caso tivessem de ser
bancadas com o Orçamento da
União. Atualmente, a conta das
ações de mitigação é paga com
dinheiro público, de linhas de
financiamento oficiais, e a participação da iniciativa privada.
"A gente quer linha de financiamento, recursos internacionais", defendeu a ministra.
Na contabilidade apresentada ontem, o maior peso -quase
80%- recai sobre a construção
de usinas hidrelétricas, estímulo ao uso de biocombustíveis e
medidas de eficiência energética. A área de energia responde
por menos da quinta parte da
meta de corte das emissões
brasileiras em cerca de 1 bilhão
de toneladas de gases de efeito
estufa até 2020.
A parcela menos cara das metas do governo é, paradoxalmente, a que contribui com a
maior parcela de redução das
emissões. O governo prevê que
a redução em 80% do desmatamento da Amazônia exigirá investimentos de US$ 21 bilhões
ao longo de dez anos.
A recuperação de pastagens
degradadas e demais medidas
na área de agricultura consumiriam pouco mais de US$ 32
bilhões, disse a ministra. "São
números provisórios, indicativos", disse Dilma Rousseff. Os
dados foram submetidos ao
presidente na primeira reunião
depois da chegada de Lula a Copenhague. "E ainda falta o cerrado", insistiu.
É para conter o desmatamento do cerrado que o governo espera ver destinada boa
parte dos investimentos em
Redd (redução de emissões por
desmatamento e degradação),
mecanismo cujas regras são
discutidas na conferência do
clima. Na região, os proprietários rurais têm direito, por lei, a
desmatar até 80% de suas terras, daí a necessidade maior de
estímulos financeiros.
Três dias depois de ter sido
questionada sobre o financiamento de R$ 1 bilhão para a
construção de uma usina térmica a carvão no Maranhão, do
empresário Eike Batista, a ministra continuou sem resposta
sobre a conveniência do investimento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). "Não tive
tempo de olhar em que contexto foi concedido esse financiamento", disse ontem.
As térmicas a carvão representam a forma mais poluente
de geração de energia. Ao ser
questionada novamente ontem, Dilma voltou a cobrar
pressa na liberação de licenças
ambientais a usinas hidrelétricas.
(MARTA SALOMON, CLAUDIO ANGELO E LUCIANA COELHO)
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