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REUNIÃO DA AAAS
Estudo nos EUA será mais útil para prevenção do que tratamento e reforça importância das vitaminas
Gorduras facilitam doença de Alzheimer
REINALDO JOSÉ LOPES
ENVIADO ESPECIAL A SEATTLE (EUA)
Como se a lista de problemas de
saúde causados pelos alimentos
gordurosos já não fosse imensa,
cientistas americanos acabam de
adicionar a ela o dano ligado ao
mal de Alzheimer, doença degenerativa do cérebro que mais afeta idosos pelo mundo. De acordo
com novas análises em seres humanos, o colesterol e a ceramida,
ambas moléculas de gordura, impulsionam a morte de células nervosas que caracteriza a doença.
O achado foi apresentado por
Mark Mattson, do Instituto Nacional do Envelhecimentos dos
EUA, durante a 170ª Reunião
Anual da AAAS (Associação
Americana para o Avanço da
Ciência), em Seattle, no noroeste
dos Estados Unidos.
"Por enquanto, as implicações
estão mais ligadas à prevenção do
mal de Alzheimer do que a uma
possível melhora do prognóstico
dos pacientes", afirmou Mattson,
que participou da conferência
apresentando os seus dados da
pesquisa por telefone, por estar
gripado. Mesmo assim, ele e seus
colegas mostraram evidências de
que o uso de substâncias como a
vitamina E poderia reduzir os danos causados pelo colesterol aos
pacientes com a doença.
Vitaminas
Colegas de Mattson também revelaram novas evidências de que
o consumo de vitaminas como
suplemento alimentar e provenientes de vegetais seria capaz de
prevenir o advento da doença, e
mesmo de que as estatinas, hoje
usadas para o combate ao colesterol na corrente sangüínea, também poderiam evitar o aparecimento do mal de Alzheimer.
Apesar de estudada de forma
intensa no mundo todo, a moléstia tem um mecanismo de ação
ainda pouco compreendido. Aparentemente, o fator principal para
seu aparecimento é o acúmulo da
proteína beta-amilóide nos neurônios (células nervosas), em geral de pessoas idosas. Essa molécula tende a se aglomerar em placas e, por ser tóxica, elimina um a
um os neurônios dos doentes, levando-os à morte.
Mattson e colegas descobriram
uma espécie de combinação letal
entre o aparecimento da beta-amilóide e a presença de colesterol e de ceramida nos neurônios
de pessoas mortas com o mal.
Cascata fatal
Num trabalho aprovado para
publicação na revista científica
"PNAS" (www.pnas.org), a equipe mostrou que o aparecimento
da beta-amilóide induz um acúmulo anormal de colesterol e ceramida. Eles, por sua vez, iniciam
uma cascata de reações bioquímicas que acaba conduzindo à morte dos neurônios. Isso acontece,
segundo os cientistas, porque as
substâncias liberam os chamados
radicais livres -átomos isolados
de oxigênio que são um verdadeiro veneno para o organismo.
Por outro lado, diz Benjamin
Wolozin, do Centro Médico da
Universidade Loyola (Chicago,
EUA), o local onde as moléculas
de colesterol se abrigam na membrana é também a região na qual
estão as enzimas (moléculas que
aceleram reações químicas) responsáveis por produzir a beta-amilóide. "Sem a presença de colesterol, elas não conseguem operar", afirma.
Com a compreensão desses
processos, os cientistas propõem
duas estratégias. Uma, obviamente, é reduzir o consumo de gordura que pode levar a uma presença
excessiva de colesterol e ceramida
no organismo. Outra é utilizar
substâncias antioxidantes, ou seja, capazes de reduzir a ação dos
radicais livres.
Esse é o caso das vitaminas. Experimentos coordenados por Carl
Cotman, da Universidade da Califórnia em Irvine, mostraram resultados animadores em cães na
fase de envelhecimento (a partir
dos 9 anos de vida), na qual os
animais podem desenvolver uma
doença que lembra Alzheimer.
Memória restaurada
Os suplementos de vitaminas C
e E e de vegetais dados aos bichos
funcionou tão bem que a memória dos cães, testada regularmente
por meio de um exercício no qual
eles tinham de reconhecer objetos, passou a se igualar à de animais jovens. Um dado importante, já que a perda da capacidade de
armazenar novas lembranças é
um dos principais sintomas do
mal de Alzheimer em humanos.
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