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VLS-1
Ministério nega ter recebido o documento da comissão
Relatório do acidente com foguete brasileiro está nas mãos da Defesa
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O relatório final preparado pela
comissão de investigação do acidente que matou 21 pessoas no
Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, em agosto do
ano passado, foi levado a Brasília
na noite de anteontem e já foi entregue às autoridades da Defesa,
segundo a Folha apurou.
O Ministério da Defesa, por
meio de sua assessoria de imprensa, nega ter recebido o documento ou mesmo ter tido conhecimento do término dos trabalhos
da comissão investigadora liderada pelo brigadeiro-do-ar Marco
Antonio Couto do Nascimento.
Apesar de a investigação ter sido originalmente requisitada pelo
Deped (Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento) do Comando da Aeronáutica, o assunto
há muito tempo já passou diretamente para a esfera ministerial.
Ao ser procurado, o Cecomsaer
(Centro de Comunicação Social
da Aeronáutica) declarou que toda questão relacionada ao acidente com o VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) deve ser encaminhada diretamente à Defesa. O
ministério, por sua vez, afirma
que não recebeu o relatório e que
ainda não há data para divulgação
do documento. A imprensa será
notificada assim que essa situação
se modificar, afirma a assessoria.
A conclusão do relatório aconteceu em uma reunião iniciada no
último domingo e prorrogada até
o dia seguinte. "Estive lá durante o
domingo, e agora os trabalhos foram encerrados", disse à Folha
Paulo Murilo de Oliveira, físico da
Universidade Federal Fluminense
que faz parte da comissão. "A reunião foi justamente para ajustar
os últimos detalhes do relatório."
Dividido em quatro partes preparadas por subcomissões (operações, meteorologia, materiais e
fator humano), o documento é rematado por um resumo redigido
por Couto. Com centenas de páginas, ele esmiúça o que aconteceu
na centro de lançamento nos dias
que antecederam o acidente.
O VLS-1 teve um de seus motores prematuramente acionado
enquanto os técnicos ainda trabalhavam no foguete, matando 21
pessoas em 22 de agosto de 2003
-três dias antes da que seria a
terceira tentativa de lançar um
protótipo do veículo. As duas anteriores, em 1997 e 1999, falharam.
Apesar das pressões para que a
investigação se ativesse ao acidente e a suas causas mais imediatas,
o relatório cobre todos os problemas e falhas que cercaram a condução da operação, chefiada pelo
brigadeiro Tiago Ribeiro. Nas palavras de pessoas que leram a versão final do documento, mas preferem não se identificar, ele "não
pega leve" ao mencionar violações de procedimento ocorridas
na preparação do foguete.
Quanto à causa física do acionamento do motor, o relatório trará
várias hipóteses do que pode ter
dado errado, mas não dará certeza sobre o que de fato ocorreu.
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