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EPIDEMIA GLOBAL
Autoridades de saúde temem descontrole em contágios no país; Hong Kong registra mais quatro mortes
Índia relata 1º caso de pneumonia asiática
DA REDAÇÃO
Mais um país foi adicionado à
lista de afetados pela misteriosa
pneumonia asiática: a Índia teve
ontem a confirmação oficial de
seu primeiro caso. O governo indiano relatou que um homem de
32 anos, não identificado, foi contaminado numa viagem recente a
Hong Kong e Cingapura.
O principal laboratório do país,
na cidade de Pune, verificou a
presença do coronavírus identificado como causador da infecção.
O paciente, um homem de 32
anos que havia viajado a Cingapura e Hong Kong, passa bem.
Mas com mais de 1 bilhão de habitantes, a maioria sem bom acesso
a médicos, a Índia pode ser um
destino perigoso para a epidemia,
que pode afetar muita gente e sobrecarregar o sistema de saúde
caso as autoridades não tenham
um esquema de contenção.
"O peixe estava no aquário; agora ele foi jogado no oceano", compara o virologista Paolo Zanotto,
da Universidade de São Paulo.
Além do primeiro caso indiano,
mais quatro pessoas morreram
da doença em Hong Kong. A Organização Mundial da Saúde
computou ontem mais 95 novas
ocorrências da doença, localizadas principalmente nos países já
mais atingidos, como China (incluindo Hong Kong) e Canadá.
A última tabulação da OMS indicava um total global de mais de
3.200 casos. Desses, pelo menos
165 resultaram em morte. Aproximadamente metade dos contaminados já se recuperaram da doença e tiveram alta. Os EUA melhoraram seus critérios para indicar
seus casos suspeitos, o que fez o
número local cair de 199 para 35.
Em compensação, na China, a
organização acha que pode haver
até cinco vezes mais casos do que
os originalmente relatados. O governo chinês omitiu vários pacientes que estavam sendo tratados em hospitais militares.
O primeiro caso suspeito no
Oriente Médio surgiu anteontem,
na Jordânia. A presença do vírus
não foi confirmada e o relato ainda não foi incorporado à contagem oficial da OMS, mas o governo já tem planos de iniciar uma
campanha de prevenção.
Em resposta ao espalhamento
da doença, a Associação de Nações do Sudeste da Ásia pretende
realizar uma reunião para discutir
o tema na Tailândia, em 29 de
abril. O anúncio partiu ontem do
ministro da Saúde tailandês, Sudarat Keyuraphan.
Segundo a Tailândia, todas as
nações convidadas já concordaram em enviar representantes.
Num esforço paralelo, a OMS está
organizando uma reunião científica global para debater a doença.
O evento deve acontecer nos dias
17 e 18 de junho, na Suíça.
No âmbito de pesquisa, ainda
há muitas dúvidas a respeito do
coronavírus. O patógeno já foi
identificado e teve seu genoma sequenciado, mas os detalhes de como se dá a contaminação ainda
não estão claros.
Em Hong Kong, onde esforços
de contenção parecem estar surtindo efeito e reduzindo a escalada da doença, o governo diz que o
vírus não é transmitido pela água
ou pelo ar. A forma de transmissão ainda não está clara.
Os primeiros sintomas da pneumonia asiática são febre alta (mais
de 38C), tosse seca, falta de ar ou
dificuldades respiratórias. Outros
sintomas, como dor de cabeça,
diarréia e perda de apetite, também podem aparecer.
Até agora, os dois únicos casos
contabilizados pela OMS na América do Sul ocorreram no Brasil.
Nenhum resultou em morte. As
autoridades brasileiras estão seguindo as recomendações da
OMS para evitar uma epidemia.
Os funcionários de aeroportos e
portos estão orientados a identificar pessoas com possíveis sintomas da doença que sejam provenientes de países onde há princípio de epidemia e a encaminhá-las ao posto da Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária).
Os estudos científicos objetivando o combate à Sars podem
muito bem ser o mais rápido e dinâmico esforço de cooperação na
história da medicina moderna.
Um sistema de teste rápido em
breve estará disponível (leia texto
acima), mas os pesquisadores
alertam que uma vacina contra o
vírus, seja preventiva ou terapêutica, vai demorar mais para ser
desenvolvida.
Com agências internacionais
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