UOL


São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2003

Próximo Texto | Índice

EPIDEMIA GLOBAL

Autoridades de saúde temem descontrole em contágios no país; Hong Kong registra mais quatro mortes

Índia relata 1º caso de pneumonia asiática

DA REDAÇÃO

Mais um país foi adicionado à lista de afetados pela misteriosa pneumonia asiática: a Índia teve ontem a confirmação oficial de seu primeiro caso. O governo indiano relatou que um homem de 32 anos, não identificado, foi contaminado numa viagem recente a Hong Kong e Cingapura.
O principal laboratório do país, na cidade de Pune, verificou a presença do coronavírus identificado como causador da infecção.
O paciente, um homem de 32 anos que havia viajado a Cingapura e Hong Kong, passa bem. Mas com mais de 1 bilhão de habitantes, a maioria sem bom acesso a médicos, a Índia pode ser um destino perigoso para a epidemia, que pode afetar muita gente e sobrecarregar o sistema de saúde caso as autoridades não tenham um esquema de contenção.
"O peixe estava no aquário; agora ele foi jogado no oceano", compara o virologista Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo.
Além do primeiro caso indiano, mais quatro pessoas morreram da doença em Hong Kong. A Organização Mundial da Saúde computou ontem mais 95 novas ocorrências da doença, localizadas principalmente nos países já mais atingidos, como China (incluindo Hong Kong) e Canadá.
A última tabulação da OMS indicava um total global de mais de 3.200 casos. Desses, pelo menos 165 resultaram em morte. Aproximadamente metade dos contaminados já se recuperaram da doença e tiveram alta. Os EUA melhoraram seus critérios para indicar seus casos suspeitos, o que fez o número local cair de 199 para 35.
Em compensação, na China, a organização acha que pode haver até cinco vezes mais casos do que os originalmente relatados. O governo chinês omitiu vários pacientes que estavam sendo tratados em hospitais militares.
O primeiro caso suspeito no Oriente Médio surgiu anteontem, na Jordânia. A presença do vírus não foi confirmada e o relato ainda não foi incorporado à contagem oficial da OMS, mas o governo já tem planos de iniciar uma campanha de prevenção.
Em resposta ao espalhamento da doença, a Associação de Nações do Sudeste da Ásia pretende realizar uma reunião para discutir o tema na Tailândia, em 29 de abril. O anúncio partiu ontem do ministro da Saúde tailandês, Sudarat Keyuraphan.
Segundo a Tailândia, todas as nações convidadas já concordaram em enviar representantes. Num esforço paralelo, a OMS está organizando uma reunião científica global para debater a doença. O evento deve acontecer nos dias 17 e 18 de junho, na Suíça.
No âmbito de pesquisa, ainda há muitas dúvidas a respeito do coronavírus. O patógeno já foi identificado e teve seu genoma sequenciado, mas os detalhes de como se dá a contaminação ainda não estão claros.
Em Hong Kong, onde esforços de contenção parecem estar surtindo efeito e reduzindo a escalada da doença, o governo diz que o vírus não é transmitido pela água ou pelo ar. A forma de transmissão ainda não está clara.
Os primeiros sintomas da pneumonia asiática são febre alta (mais de 38C), tosse seca, falta de ar ou dificuldades respiratórias. Outros sintomas, como dor de cabeça, diarréia e perda de apetite, também podem aparecer.
Até agora, os dois únicos casos contabilizados pela OMS na América do Sul ocorreram no Brasil. Nenhum resultou em morte. As autoridades brasileiras estão seguindo as recomendações da OMS para evitar uma epidemia. Os funcionários de aeroportos e portos estão orientados a identificar pessoas com possíveis sintomas da doença que sejam provenientes de países onde há princípio de epidemia e a encaminhá-las ao posto da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Os estudos científicos objetivando o combate à Sars podem muito bem ser o mais rápido e dinâmico esforço de cooperação na história da medicina moderna. Um sistema de teste rápido em breve estará disponível (leia texto acima), mas os pesquisadores alertam que uma vacina contra o vírus, seja preventiva ou terapêutica, vai demorar mais para ser desenvolvida.


Com agências internacionais

Próximo Texto: Americanos criam teste de detecção rápida
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.