|
Próximo Texto | Índice
ASTRONOMIA
Pesquisa de britânicos e americanos sugere que planetas extra-solares teriam surgido de um jeito diferente
Sistema Solar pode ser raro, diz estudo
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dizer que estamos sós no Universo pode até ser um exagero.
Mas é possível que planetas como
a Terra sejam bem raros, afinal. É
o que sugere um novo estudo
conduzido por Martin Beer, um
astrônomo da Universidade de
Leicester, no Reino Unido.
Em cooperação com pesquisadores nos EUA, ele aponta que todos os sistemas planetários descobertos até agora, mais de uma
centena, não devem ter planetas
com a superfície rochosa, como
os que existem no Sistema Solar.
Isso porque, segundo o grupo, esses planetas extra-solares teriam
se formado de um jeito diferente.
A principal hipótese para explicar a formação de planetas é a
chamada acreção. Uma estrela,
assim que nasce, possui um disco
de poeira e gás ao seu redor -os
restos de sua formação. A idéia é
que essa poeira começa a se aglutinar e a formar rochas cada vez
maiores, que no fim dão origem
aos planetas rochosos, como
Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.
Enquanto isso está acontecendo, o vento estelar -a corrente de
partículas emanadas do astro-
já "varreu" a maior parte do gás
no disco, que acaba sobrando só
nas regiões mais longínquas, onde se acumula em torno de pedaços de rocha, formando enorme
bolas gasosas. Desse modo nasceriam os planetas gigantes, como
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
O modelo funciona mais ou menos bem para o Sistema Solar,
mas tem uma dificuldade danada
para explicar os planetas descobertos em torno de outras estrelas
desde 1995 -gigantes gasosos localizados muito perto do astro
central ou em órbitas muito mais
achatadas que as solares.
Com isso, ganhou força um outro modelo de formação planetária, que fala do colapso gravitacional do disco, sem acreção. Por alguns distúrbios no disco logo
após o nascimento da estrela, o
gás de cara já começa a se aglutinar na forma de gigantes gasosos.
Para Beer e colegas, essa pode
ser a principal explicação para a
existência de sistemas tão diferentes do solar -eles teriam se formado por colapso gravitacional,
que dispensa astros rochosos como a Terra, e os planetas do Sol
teriam nascido por acreção.
"Se assim for, pode ser que nenhum dos sistemas planetários
observados tenha grande chance
de abrigar um planeta tipo Terra",
escreveram os pesquisadores em
um artigo publicado no periódico
britânico "Monthly Notices of the
Royal Astronomical Society".
Ainda há muitos desafios para
que os cientistas entendam que
circunstâncias levam à formação
de que tipo de sistema. É possível
que a configuração do Sistema
Solar seja rara -com base nos
dados já coletados, ela de fato é.
Mas também é verdade que o
método de detecção de planetas
extra-solares -que hoje só funciona para gigantes gasosos- favorece a localização daqueles que
giram mais perto de sua estrela,
criando um viés de observação.
Resta então, por ora, tentar um
palpite. "Suspeito que será menos
que 10%", diz Paul Butler, da Instituição Carnegie de Washington,
um dos principais caçadores de
planetas extra-solares.
Próximo Texto: Cassini acha 2 novas luas em Saturno Índice
|