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DIVERSIDADE
Burocracia é empecilho
MP da biopirataria atrapalha cientistas
RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A ÁGUAS DE LINDÓIA
A legislação que deveria proteger o patrimônio genético brasileiro contra a biopirataria também está fazendo o contrário. Está impedindo os pesquisadores
brasileiros de estudarem a biodiversidade do país e contribuírem
para a conservação, segundo palestras de três cientistas ontem no
49º Congresso Nacional de Genética, em Águas de Lindóia.
A medida provisória 2.186/01,
dizem os cientistas, prejudica
seus estudos ao impor uma extensa burocracia para a coleta de
amostras ou dados. "Foi mais fácil obter uma amostra de peixe-boi da Flórida do que de um que
está em Itamaracá", diz Fabrício
Rodrigues dos Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais.
E os animais estudados pelos
cientistas são brasileiros clássicos:
o lobo-guará, o peixe-boi amazônico e os papagaios. São espécies
"carismáticas", segundo os pesquisadores, cuja preservação permite preservar todo o ecossistema, onde vivem bichos menos
"bonitinhos".
"Eu trabalho ilegalmente", disse
Cristina Miyaki, do Instituto de
Biociências da USP. "A lei atrapalha os estudos genéticos necessários para aprimorar o manejo de
espécies", declara Sandro Bonatto, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
O jornalista RICARDO BONALUME NETO
viajou a convite da Sociedade Brasileira
de Genética.
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