São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Satélite japonês promete "ver" devastação até debaixo d'água

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Além de dar continuidade ao projeto do CBERS, o Brasil tem buscado outras formas de ampliar o monitoramento -e, por conseqüência, o controle- do desmatamento da Amazônia. Um novo acordo, agora com o Japão, promete fornecer imagens de derrubada da mata mesmo no período de chuvas.
Pelo convênio, assinado entre o Ibama e a Jaxa (agência espacial japonesa), o Brasil terá acesso a imagens da região feitas pelo satélite japonês Alos. A diferença para os satélites que já monitoram a área é que ele funciona com ondas de rádio. Ou seja, não depende de luz visível para fazer suas imagens.
Hoje o sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e o SAD, do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), baseados em imagens do satélite Modis, já fornecem um bom quadro do desmatamento em curso, em especial no período de seca (maio a outubro). Mas entre novembro e abril, quando praticamente toda a Amazônia está coberta por nuvens, o monitoramento é prejudicado.
É bem verdade que, nessa época do ano, a taxa de desmatamento tende a ser menor, mas justamente porque os satélites atuais não "enxergam" nesse período, os produtores rurais se aproveitam da brecha. "Agora a visualização será muito mais apurada", afirma Flávio Montiel, diretor de Proteção Ambiental do Ibama.
O novo vigia deve ser especialmente vantajoso para controlar a atividade nos Estados de Amapá e Roraima, que ficam praticamente o ano inteiro cobertos por nuvens. "Faz três anos que quase não temos imagens de lá. Só conseguimos ver alguma coisa com pequenas janelas entre janeiro e fevereiro, quando pára de chover", diz.
Segundo Montiel, a Jaxa vai fornecer quatro mosaicos da Amazônia por ano, além de imagens isoladas a cada 20 dias. Essas bandas têm resolução de 50 metros (que capta pequenas derrubadas, não só grandes clareiras) e cobrem 70 km de largura por toda a extensão norte-sul da região. A cada 46 dias, haverá um imageamento do Maranhão ao Acre.
O acordo de cooperação prevê a entrega gratuita de cerca de 14 mil imagens pelos próximos três anos. Se tivesse de pagar por isso, o Brasil gastaria US$ 150 para cada imagem. De quebra, o país deve receber ainda uma imagem completa por ano de toda a mata atlântica. (GIOVANA GIRARDI)


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