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Satélite japonês promete "ver" devastação até debaixo d'água
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Além de dar continuidade ao
projeto do CBERS, o Brasil tem
buscado outras formas de ampliar o monitoramento -e, por
conseqüência, o controle- do
desmatamento da Amazônia.
Um novo acordo, agora com o
Japão, promete fornecer imagens de derrubada da mata
mesmo no período de chuvas.
Pelo convênio, assinado entre o Ibama e a Jaxa (agência
espacial japonesa), o Brasil terá
acesso a imagens da região feitas pelo satélite japonês Alos. A
diferença para os satélites que
já monitoram a área é que ele
funciona com ondas de rádio.
Ou seja, não depende de luz visível para fazer suas imagens.
Hoje o sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e o SAD, do
Imazon (Instituto do Homem e
Meio Ambiente da Amazônia),
baseados em imagens do satélite Modis, já fornecem um bom
quadro do desmatamento em
curso, em especial no período
de seca (maio a outubro). Mas
entre novembro e abril, quando
praticamente toda a Amazônia
está coberta por nuvens, o monitoramento é prejudicado.
É bem verdade que, nessa
época do ano, a taxa de desmatamento tende a ser menor,
mas justamente porque os satélites atuais não "enxergam"
nesse período, os produtores
rurais se aproveitam da brecha.
"Agora a visualização será muito mais apurada", afirma Flávio
Montiel, diretor de Proteção
Ambiental do Ibama.
O novo vigia deve ser especialmente vantajoso para controlar a atividade nos Estados
de Amapá e Roraima, que ficam
praticamente o ano inteiro cobertos por nuvens. "Faz três
anos que quase não temos imagens de lá. Só conseguimos ver
alguma coisa com pequenas janelas entre janeiro e fevereiro,
quando pára de chover", diz.
Segundo Montiel, a Jaxa vai
fornecer quatro mosaicos da
Amazônia por ano, além de
imagens isoladas a cada 20 dias.
Essas bandas têm resolução de
50 metros (que capta pequenas
derrubadas, não só grandes clareiras) e cobrem 70 km de largura por toda a extensão norte-sul da região. A cada 46 dias, haverá um imageamento do Maranhão ao Acre.
O acordo de cooperação prevê a entrega gratuita de cerca
de 14 mil imagens pelos próximos três anos. Se tivesse de pagar por isso, o Brasil gastaria
US$ 150 para cada imagem. De
quebra, o país deve receber ainda uma imagem completa por
ano de toda a mata atlântica.
(GIOVANA GIRARDI)
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