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Amazonas quer fundo local pró-floresta
Governo do Estado planeja criar mecanismo fora do Protocolo de Kyoto para financiar medidas de proteção ambiental
Ampliação do programa
de desenvolvimento Zona
Franca Verde pode reduzir o
desmatamento a zero no
Estado, afirma secretário
ANA FLOR
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, EM NAIRÓBI
O governo do Amazonas lançou ontem a proposta de um
fundo para combater desmatamento e para a conservação de
suas florestas semelhante à que
o governo brasileiro apresentou na quarta-feira à Convenção do Clima da ONU.
Chamada de "Iniciativa do
Amazonas", a proposta, lançada num evento paralelo em
Nairóbi, pretende incentivar
empresas e indivíduos a investir num fundo a ser gerido pelo
governo estadual, fora de acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto. O valor arrecadado seria usado em um programa de desenvolvimento
sustentável que já existe no Estado, o Zona Franca Verde.
Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia,
com o combate ao desflorestamento no Estado, 600 mil toneladas de carbono deixaram
de ser emitidas desde 1990.
Com as ações reforçadas pelos
recursos do fundo, o secretário
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Virgílio
Viana, diz que em 30 anos o Estado pode reduzir a zero o desmatamento. A meta, considerada difícil, é defendida pelo secretário com base em resultados recentes. "Entre 2002 e
2005, a taxa de desmatamento
do Estado do Amazonas foi reduzida em 53%", disse.
Ao apresentar o projeto em
Nairóbi, Viana disse que o
Amazonas tem 20 mil hectares
de floresta a mais do que o segundo maior país detentor delas, o Congo (África), que tem
130 mil hectares. "Somos tão
grandes [em florestas] como
um país", disse ele, justificando
o porquê de defender uma iniciativa isolada para o Estado.
Virgílio reforçou que o Amazonas é a favor da proposta brasileira que cria, dentro da Convenção do Clima da ONU, um
mecanismo voluntário no qual
países -e talvez empresas e indivíduos- destinem recursos a
serem distribuídos entre nações que desmataram menos.
Os países desenvolvidos não
poderiam, entretanto, usar a
redução das emissões de carbono (resultantes de floresta derrubada) para abater de suas cotas nas metas assumidas no
Protocolo de Kyoto.
O que o Amazonas quer é
criar o fundo imediatamente,
enquanto a proposta brasileira
precisa passar por negociações
e pela aprovação do plenário da
Convenção -o que, em uma
perspectiva otimista, levará pelo menos um ano.
O Estado busca parceiros para implementar programas de
redução de desflorestamento
por meio de investimentos em
serviços ambientais. "Reduzir
desmatamento tem um custo, e
os serviços prestados pelas florestas do Amazonas beneficiam o clima do planeta como
um todo. É lógico, portanto,
que outros dividam os custos
de implementar a conservação
das florestas do Amazonas", diz
o texto. O plano quer arrecadar,
em 20 anos, US$ 3 bilhões.
Durante a apresentação, representantes de países africanos elogiaram a proposta e pediram para trocar idéias de como implementá-las. Segundo
Virgílio Viana, o Amazonas já
discute a proposta com investidores britânicos e alemães.
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