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Aquecimento é o maior desafio da nossa era, diz Ban
Secretário da ONU cobra resposta de governos a dados científicos sobre clima
Coreano lançou ontem
síntese de relatório do IPCC
sobre o clima e disse que
Amazônia "está sufocando"
e pode virar uma savana
DA REDAÇÃO
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,
classificou ontem o aquecimento global como "o desafio
que definirá nossa era" e cobrou de governos de países ricos e pobres ação imediata para
minimizar suas conseqüências.
Ban lançou ontem em Valencia, Espanha, a síntese do AR4,
o Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, o painel do clima
da ONU. O documento, de 23
páginas, resume o estado-da-arte do conhecimento humano
sobre o efeito estufa.
Destinado a líderes políticos,
ele deve guiar as negociações a
serem iniciadas no mês que
vem em Bali, Indonésia, sobre o
acordo para reduzir emissões
que substituirá o Protocolo de
Kyoto, que vence em 2012.
Embora não traga muitas novidades científicas em relação
aos três sumários executivos
que o IPCC lançou ao longo
deste ano, o relatório-síntese
pode ser considerado um alerta
mais duro. Ele admite, por
exemplo, que o aquecimento
acelerado traz o risco de "singularidades de grande escala".
A principal delas é o aumento
do nível do mar muito além dos
59 cm esperados para 2100 em
decorrência do degelo polar.
"Processos dinâmicos do gelo
vistos em observações recentes
mas não incluídos totalmente
no AR4 poderiam aumentar a
taxa de perda", diz a síntese.
"Os cientistas determinaram, em uníssono, que a mudança climática é inequívoca.
Agora eu preciso de respostas
políticas dos líderes políticos",
declarou Ban à imprensa.
Testemunha ocular
Antes, em discurso a delegados de cerca de 130 países, o coreano afirmou que pôde testemunhar nos últimos dias os
efeitos da mudança climática,
como o rompimento de plataformas de gelo na Antártida.
"A Amazônia, o pulmão da
Terra [sic], está sufocando",
afirmou. (A floresta consome
quase todo o oxigênio que produz, portanto, a imagem de
"pulmão" não é adequada.)
Declarou em seguida que
Brasil tem se esforçado para reduzir o desmatamento e promover o manejo sustentável da floresta,
mas que o governo teme que o aquecimento global já esteja minando esses esforços.
"Se as projeções
mais graves se concretizarem, boa parte
da Amazônia se
transformará em
uma savana."
"Essas cenas são
tão assustadoras
quanto um filme de
ficção científica. Mas
são ainda mais terríveis por serem reais."
Ban destacou, no
entanto, que o relatório do IPCC mostra que há
meios reais e economicamente
viáveis de enfrentar a mudança
climática, e que uma ação coordenada pode evitar o desastre.
"Nós estamos abordando a
ciência de uma maneira muito
objetiva. Se isso não der base
para a ação política, eu não posso pensar em nada melhor",
afirmou o presidente do IPCC,
o indiano Rajendra Pachauri.
O relatório acrescenta impulso técnico e político à conferência de Bali, que começa daqui a duas semanas e tem o objetivo de definir o calendário de
negociações do futuro regime
de redução de emissões, a ser
adotado em 2009.
Ban voltou a enfatizar que
"não podemos nos permitir não
obter um avanço real em Bali" e
que "não se alcançará um acordo" se os países em desenvolvimento não se comprometerem
a reduzir suas emissões.
Pelo acordo de Kyoto, somente os países industrializados, agrupados no chamado
Anexo 1, têm metas obrigatórias de redução a cumprir.
Acontece que nações do Terceiro Mundo, como a China, têm
tido um crescimento enorme
de suas emissões. O sucesso da
conferência de Bali depende do
papel que China e Estados Unidos desempenharão.
Com agências internacionais
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